A CARTA QUE ESCREVI PARA MIM MESMA

Avenida Esperança, 01 de outubro de 2011

Minha querida Josenete.

O relogio, aqui da parede, marca 22,20 horas e minutos, desta noite de quinta-feira, 01 dia de outubro, por sinal. dia do seu aniversário, por conseguinte, seus 70 anos completinhos. E, nestes seus 70 anos, gostaria, imensamente, de ter voce aqui, do meu lado, fazendo-me, companhia, depois de um dia, que se iniciou, as 5,00 horas desta manhã.

Esta cartinha, é para lhe dizer, que você é uma amiga inseparável, aliás, por uma maravilhosa conincidência, voce, sou eu! Espere, por favor, eu vou explica a mim mesma: embora, sejamos, uma mesma pessoa, pouco conversamos, não temos oportunidade de nos encontramos, frente a frente, razão, pela qual estou lhe escrevendo esta cartinha, para dizer que eu, a conheço bastante, muito mais do que qualquer mortal, possa imaginar. Calma, vá lendo, com paciencia, até o fim, por favor.

Josenete, minha Linda, eu sei que voce hoje, gostaria de ficar, um pouco mais com voce mesma, afinal de contas, não é todo ano, que se comemora 70 anos! E, se eu ficar, por ai falando comigo mesma, corro o risco de alguém, requerer minha interdição. Esta, uma das razões desta missiva.

Josenete, minha querida, irmã gêmea, voce, é uma mulher guerreira, aliás, também, muito inquieta, incansável, dinamica, amorosa! Voce se entrega de corpo e alma, a familia e a profissão. Aliás, em relação, a familia, ou seja, sua mãe, seu pai e suas seis irmães, voce se imola, voce, não existe para si mesma: isto é, eles teem prioridade, e muito mais importancia do que voce mesma. E, em sendo assim, quando se trata da sua familia, voce, não se vê... só, sua familia existe! Digo isto, com a intimidade, a amizade, a confiança e a convivencia que, existe entre nós! Afinal, somos a mesma pessoa, temos, a mesma alma, mesmo coração, tambem, voce, queria o que... se eu a conheço desde o dia, em que eramos apenas, um embrião, no jovem e belo utero de nossa mãe... e se voce, ainda não tomou conciencia deste fato, lhe digo agora: com os amigos, não é diferente... sinha Euzinha, voce, move céus e terras..., pensa que não sei...

Josenete Dantas, além disso, você, é uma romantica inveterada, uma sonhadora, idealista, coração, "molenga". Estou dizendo isto, nesta carta, e, nem invente, de ficar, ai se fazendo de boazinha, você, não tem sómente, este lado, bonzinho, solidário, amoroso, lá para o finalzinho desta, vou lhe expor o reverso da medalha, me aguarde! Mas, agora, vamos continuar: Por acaso, voce, acha que esqueci, voce criança, quase toda as tardes, quando terminava seus deveres de casa, voce, e sei que voce lembra: ia bem quietinha, deitar-se na estreita calçada do oitão, da nossa casa, e ficava ali, imóvel, com seus olhinhos castanhos, pregados, presos, fixos lá no céu olhando as nuvens... e, fazendo desenhos de bichinhos de estimação! E, até anjinhos, voce desenhava, com os labis que, pedia emprestado a Tia Imaginação. Josenete Dantas, voce subia, até no pé de manga que tinha no quintal da nossa casa, para procurar alguma fruta... porém, o que lhe movia, era tentar conseguir pegar os passarinhos que cantavam nos galhos e, voce ficava triste, porque eles batiam asas e voavam ... Voce, se lembra, sua tinhosa, quando, certa manhã de sábado, mamãe a chamou para ajudá-la a cuidar de uma galinha... e, voce, meu Deus do céu, morria de pena das bichinhas... Eu me lembro, Josenete Dantas, tão confiante, desinibida, contundente, lá no Tribunal do Juri, com seus quase 900 Juris! Mas, nós tinhamos, de dez para 12 aninhos, lembro-me bem, como se fosse ontem...

Mamãe, pegou a galinha que, papai antes de ir para o trabalho, deixou amarradinha, debaixo de único coqueiro do nosso quintal, e voce, já estava por lá como sempre desde cedo e, mamãe, lhe chama, para segurar o prato, que iria colher o sangue da galinha para fazer "cabidela", papai adorava cabidela ...E voce, sinha maluquinha, lembra o que voce fez, quando mamãe lhe pediu ajuda... voce, segurou o prato de olhos fechados... tenho certeza, que voce lembra, e muito bem... no final de tudo, o prato estava quase vazio, e a cabidela.... nadaaaaaa... porque simplesmente, voce fechava este seus olhinhos castanhos brilhantes, com pena da galinhazinha...

Minha amiga, desculpa, vou ficar por aqui, mas, estou com vontade de lhe dizer mais uma: Voce, não é santinha, não! Pode ficar zangada, mas... você, não é este anjinho... nem pense! Voce é mal criada, e, quando se zanga, ai meu Deus! Sai de perto..e adora sair batendo os pés, levanta a cabeça, vira uma fera... entra no quarto bate a porta...isto, desde criancinha e, parece que não mudou muito...não, depois, vem devagarzinho, se chegando, pede desculpas...etc. etc. Josenete, agora, depois de tudo que estou revelando e lhe dizendo nesta carta, será que, vai ficar zangada com voce mesma, acho que não... voce se conhece, belezinha... sabe bem de suas qualidades, virtudes, e DEFEITOS, aliás, todos, todos, conhecem... voce, é um livro aberto!

Bom, agora que leu tudo, bem direitinho, fica ai bem quietinha, dando graças a Deus, por ser assim, como voce é... e sabe de uma coisa, mude não, fica assim mesmo, daqui, mais alguns muitos e muitos anos para frente se Deus quiser, mas.... muda não. se lembra que vovó dizia... "esta minha neta, eu tenho até pena, da trabalheira que, o Anjo da Guarda, que cuida dela, tem!" Mas, parabens para voce, Euzinha. que Deus a abençoe, sempre... apesar de tudo, eu sou voce, e voce é a minha cópia fiel...afinal somos a mesma pessoinha...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 23/09/2015
Reeditado em 13/07/2017
Código do texto: T5392002
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