Fica com Deus

Boa tarde meus 23 fiéis leitores e demais 36 que de vez em quando lembram que esse Bacamarte existe e escreve e, então, passam por aqui para dar uma lidinha assim no más. Hoje venho 25 minutos mais cedo, devido a compromisso marcado para às 17h.

Uma vez disputei uma namorada com um outro cara. Disputa acirrada, os dois a fim da guria. Eu namorava a mina, briguei com ela, o cara aproveitou o vácuo da relação e fez o lado dele. Então esse Bacamarte que vos fala acusou o golpe e reagiu. Foi difícil, foi uma batalha longa, com nervos à flor da pele e coração na mão, mas eu levei a melhor. Valeu, eu tava muito a fim da namorada mesmo. A gente só dá valor para o que tem quando perde.

Tô passando hoje lá na frente do supermercado e tá uma foto do cara, nos anúncios fúnebres (em Charky City se coloca anúncios fúnebres na frente dos supermercados e bancos). Olhei a foto, lembranças afloraram na minha mente. Fiquei triste. Vejam só, disputamos a mesma mulher e, agora, o cara faleceu. Regula de idade comigo, logo, um cara com quase cinquenta. Novo. Nunca fomos amigos, nunca conversamos, mas também nunca tivemos nenhum confronto ou trocamos ofensa. Joguei pesado, confesso, pois sou uma pessoa que ou bate de frente ou deixa passar batido, nunca bato de lado, é tudo ou nada. Mas foi uma disputa limpa, sem golpes baixos, venceu quem ela escolheu.

Foi um adversário honrado. Só dividi aquela bola com ele porque tava muito a fim mesmo, não foi despeito só para estragar o lance dele. Foi uma questão de sobrevivência emocional, entrei às ganhas, apostando e dando tudo pela vitória. Acho que ele também sacou isso, até porque ele tinha entrado num lance que estava ainda indefinido. Nunca tive raiva ou mágoa com aquilo tudo. Venceu o melhor. O melhor foi quem ela escolheu.

Como nunca falei com o cara, não sei como ele lidou com a coisa, se sofreu ou se foi apenas mais um rio que passou na vida dele. Levei a melhor, graças a Deus. Teria sido uma derrota muito dura para mim, confesso. Dessa dor eu escapei.

Agora passo pelo supermercado e vejo a foto do cara ali. Fiquei triste. Nunca nos falamos, mas tivemos algo em comum: a vontade de ficar com a mesma mulher. Tivemos um ponto de intersecção em nossas existências. O que poderia dizer nessa hora? Se te fiz sofrer, desculpa, era uma questão muito importante para mim também, não foi por motivo fútil, por vaidade ou orgulho ferido.

Fica com Deus.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 08/04/2016
Reeditado em 08/04/2016
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