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NEM BOTA E NEM GALOCHA. É ARAPUCA!
Ysolda Cabral

 
 
 
Ando meio cansada, sem disposição pra nada, e até pra provar um novo calçado me foi custoso. - Antes não tivesse nem comprado! Contudo, o preço estava muito bom! Bom até pra negociar, se eu entendesse de negócio. Mas, eu devia ter desconfiado que algo de tenebroso havia por traz daquele preço.

Bem, no último dia 09, dia da chuva forte, fiquei numa situação de risco, até de  pegar leptospisose, tudo por conta de não ter uma galocha igual a que eu tinha na minha Caruaru querida, por ter saído de casa com um sapato que, apesar de ter me custado os olhos da cara, decididamente não era para ser usado em dias de chuva.

Três dias depois, já com outro calçado não menos caro, fui para a parada de ônibus (é que quando chove na Região Metropolitana do Recife, deixo meu carro em casa, pois  ele não é, carro/barco, como é o de James Bond, o agente 007), com receio de ter mais um baita prejuízo, apesar de não chover há quase dois dias. Foi quando vi a Marta, minha amiga da parada, usando algo parecido com aquela minha saudosa maloca, digo, galocha, que malocava, confortavelmente, os meus pés delicados.

- Marta do Céu, que bota legal é essa, criatura?
- Legal, né Ysolda? E custou a bagatela de R$ 28,90!
- Nossa, só?!! Compra um par pra mim! - Implorei.  Ah, se eu tivesse certo capital, compraria alguns pares para revender e sair, finalmente, do vermelho... ( Apenas pensei, pois pobre só pode mesmo pensar.) 
- Compro sim! Amanhã eu trago e aí você me paga - respondeu-me solícita.

Então, pensei que agora só faltava comprar uma nova sombrinha, já que a minha está com goteiras - como me lamentei no poema ''MAR NEGRO'', que deveria ter  o título de ''MARÉ BRABA''. Graças a Deus, não choveu e a volta para casa foi sem atropelos.  

Na última sexta (13) de tão ansiosa, acordei ainda mais cedo e como o dia estava lindo, peguei o carro e fui para a parada encontar a Marta e pegar a encomenda, temerosa dela não estar por lá. - Mas estava, e eu fiquei contente pra caramba!

Depois do trabalho fui ao shopping comprar presentes de aniversário para os meus dois irmãos gêmeos, depois fui fazer supermercado e cheguei em casa, quase de noite - tão cansada que esqueci de provar as minha lindas botas/galochas!

Somente no sábado, à tarde, tive tempo de experimentá-las.  Não foi boa idéia, até porque eu estava sozinha em casa...

Peguei meias grosas e comecei pelo pé direito. Ao sentir dificuldade para calçá-lo, escutei um sino soar alto na minha cabeça. Ignorando o alarme, criei coragem, e enfiei o pé com tudo na jaca (digo, na bota). E foi aí que a desgraça se deu!

Como eu iria tirar o meu pé daquela arapuca?!  Larga e convidativa na entrada, mas do meio para o ''abocanhamento'' total do pé, um aperto só - um aviso debochado de quem, tardiamente, nos dá uma dica da perda sofrida!.

E lá fiquei eu, isolada, sentada em meu sofá, que zombava da minha imprudência  a cada vez  que tentava tirá-la do   meu pé, e quase cair no chão, de bumbum pro alto, toda vez que tentava.

Pensei recorrer à faca laser, afiada que nem ela só, ou, quem sabe, chamar um vizinho para me ajudar?! Descartei essas idéias. - Não eram boas!  Ambas punham em risco a minha integridade física e moral.

Depois de muita peleja, suor e lágrimas, de puro desgosto, consegui tirar o pé da maldita bota/galocha arapuca. 

Doravante, prefiro o prejuízo de alguns sapatos a arriscar ficar sem os meus lindos pés!

 
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Praia de Candeias-PE
Tentando se recuperar do susto
Em 16.05.2016
Ysolda