AS DUAS CARAS DOS DEUSES

Arrogância nem sempre habita expressões altaneiras, imponentes e arrebitadas. Muitas vezes ela se oculta em rostos contritos, inclinados, olhos de prece, vozes gregorianas. Personificações perfeitas da divindade ou da própria perfeição, que no caso, existe... mesmo sob a máxima protocolar de que "ninguém é perfeito", mas vende a ideia de que ali está uma exceção.

Cada um tem seus modos peculiares de constranger, discriminar, impor superioridade aos que o seu conceito julga indignos de qualquer deferência. Uns vão direto ao ponto. Assumem sua natureza. Recebem friamente os louros pelos quais pagam com as vantagens possíveis, mas recebem do mesmo jeito as consequências do comportamento equivocado. Já outros, agregam cúmplices; romeiros. Pessoas que os reverenciam, sempre lhes dão razão, e com isso desfrutam de mais préstimos; obséquios; bondades. Mais compensações destinadas aos que os mantêm nos andores. Afinal, de que valem os santos que não podem abençoar os seus?

Muitos dizem que arrogância não têm cara. Tem duas caras. Ambas têm o mesmo poder de sedução sobre quem lhes presta constante assessoria no banimento dos mortais indignos de sua suposta grandeza. Os que não lhes prestam cultos e às vezes discordam abertamente de seus atos, ao ponto extremo de não comprarem suas brigas contra os que os que não têm "nada" pra oferecer.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 28/10/2016
Reeditado em 28/10/2016
Código do texto: T5805574
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