Entre o que é e o que seria

Entre a revelação contida em sonhos ou pesadelos e o que de fato é ou vem a ser na realidade, há a mudança de conteúdo do sonho, isto é, sonhavasse assim, agora sonhasse assado. Assim ou assado, carne seca com ensopado, ou de qualquer maneira que é como o conteúdo em seu determinismo se expressa, inderrogavelmente. E, registre-se, a mudança de conteúdo do sonho ou a cristalização do modo de sonhar vêm de uma vontade às vezes voluntariosa.
Sonhar sem mensagem qualquer exige a interpretação freudiana do sonho, não há sonho vazio, somente o repouso do sono reparador e justo é vazio. Como tudo poderia ter sido? Perguntou certa vez Manuel Bandeira. Como não foi, porque o passado é sólido, embora possa ser interpretado de várias formas. Ocorre o mesmo com o sonho, principalmente, em relação ao passado que não passa ou não dão passagem.
O sonho surge do vazio sentido por cada sujeito de forma atávica; o que faz ou desfaz o sonho é como  cada um vive a sua própria estrada. Daí a singularidade de cada vida poder ser um sonho, um sonho mutatis mutandis, não só em relação ao que ou a quem o sujeito referencia ou apenas pede algo, mas que só é recebido como graça quando é algo que se dá a alguém ou a si mesmo.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 29/11/2016
Reeditado em 29/11/2016
Código do texto: T5838034
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