ÚLTIMO DEGRAU DA SABEDORIA

Uma pessoa sóbria sabe que sua vida depende de como ela cuida de si. No ciclo vital sabemos que existem tantas ofertas de ideias, produtos e caminhos que, por vezes, podemos até ficar irresolutos sobre o que é o melhor a fazer, sobre o que é mais prudente adquirir. Nessas ocasiões, de maneira quase instantânea o nosso subconsciente traz à tona toda a nossa história em fração de segundos diante de certas ações realizadas. E adotamos uma escolha, uma decisão. Essa atitude poderá nos impulsionar para muitas vivências boas ou até poderá levar-nos ao fundo do poço. Segundo o filósofo grego, Platão, "a primeira e melhor vitória é conquistar a si mesmo." É fascinante como a vida se renova a cada manhã e como nosso universo mental assim também o faz. Se estivemos tristes em um dia, noutro vamos anestesiando-nos e recuperando as energias; se estamos muito eufóricos em um dia, em outro esse fogo da alegria já pode ter se abrandado. Há um acumulado de razões e emoções constantes, de episódios, sucessos e batalhas. Mas o que realmente nos compõem e nos faz agir com a certeza de que estamos fazendo o mais sensato? Lao-Tsé, filósofo e escritor chinês, orienta-nos que “aquele que domina os outros é forte, mas aquele que domina a si mesmo é ainda mais poderoso.”

De certo vivemos em uma época em que, mesmo com abundante informação e tecnologia disponível, parece que é proibido proibir. Mesmo com inúmeras leis, valores, normas, hábitos de moralidade, estima-se que há barreiras mentais no cumprimento da regra. Muitos teimam em quebrar princípios, insistem em desconsiderar o próximo. Desse modo, perseveram em viver de forma efêmera, ou seja, sem sopesar as consequências de seus atos. O ser humano cada vez mais age de modo fugaz, como se o mundo fosse se aniquilar. Pois bem, como será o resultado dos que agem por impulso, como será o presente daquele que em seu passado apenas tratou de “viver o momento”, com disposições de pensamento deturpado, como se tudo que compõem a sociedade não tivesse o mínimo de sentido e valor; como se o individualismo fosse o diretor da vida, sem importar consigo ou sem perceber o seu envolvimento com os outros? O psicanalista e escritor brasileiro, Augusto Cury, nos alerta que “o individualismo é amigo da solidão e ambos fecham as portas para a felicidade”.

Os jovens, por exemplo, parecem não apreciar o simples, não anseiam contemplar a natureza; as crianças não aspiram brincar com seus amigos e amigas em um jardim, no quintal de casa. E quase que sorrateiramente perambulam de cabeça baixa, atualizando suas ideias nas redes sociais, vivendo on line, enquanto sua vida está indo para o off line, ou seja, sendo desligada pouco a pouco. Não raramente, já não sentem mais o prazer de viver, de ler um livro, de ir a um parque de diversões e de estar em família apenas conversando. Tudo agora é virtual, não há a efetiva interação entre as pessoas. Perdem-se nesse emaranhado de informações e não sabem o que fazer com elas. Os valores se perdem, as pessoas se perdem, a alegria dá lugar à tristeza que não se sabe de onde vem, pois o artificialismo, o superficialismo é tudo que persiste! Todos querem muito e tudo acaba se tornando um imenso vazio mental e um vazio existencial. Khalil Gibran, poeta e ensaísta libanês, nos explica que “a simplicidade é o último degrau da sabedoria”.

Com tanta informação se vê o quanto é respeitável o papel da família na vida de todos. Pois é a família que molda; é a família que auxilia cada ser humano na construção da gestão de sua emoção, o filtro do limite de tudo o que é certo o que é errado e o que não convém. É a família, sem sombra de dúvidas, o grande alicerce que aconchega e revolve o ser para se aperfeiçoar para uma humanidade mais viva. Ela é o esteio aquecedor, fortalecedor, que dá segurança e que aponta os limites do eu. É sim a família a qual devemos tanto neste mundo. Segundo o filósofo grego, Pitágoras, “observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens.” Quanto mais nos lembrarmos de que a família é quem deve ser valorizada, as ideias dos nossos pais, ainda que pareçam ultrapassadas, poderão fazer um grande bem no futuro, pois eles são os guias, são pessoas de sabedoria empírica, que cuidam e que assinalam o caminho seguro. E quando as coisas não estão escorreitas, os pais corrigem para que o filho vá ao caminho do bem, o caminho que eles já percorreram, e por isso têm o dever de encaminhar os seus. A família é o canal de bênçãos da vida, é a célula-máter, e é o embrião de pérolas na sociedade.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 24/12/2016
Código do texto: T5862363
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