O sótão .

O sótão estava frio naquela manhã, tanto quanto o porão estivera nos últimos dias, guardando as tantas coisas que já usamos e que agora eram apenas velhas lembranças empoeiradas.

Deixei-me reclinar por instantes com um velho álbum de cromos, sem identificar de pronto a sua data, e me imaginei colando as estampas com o pincel de goma, e fechando os olhos voltei a me ver abrindo os envelopes que acabara de trazer da banca, com o coração aos pulos de ansiedade. Quando sairia a "carimbada" (?), e terminar a coleção nem importava tanto assim, o gostoso mesmo era o "por enquanto", então sorri de mim mesmo, da minha criancice, e passei a mão nos meus cabelos para afagar o menino de dez anos, como se fosse agora um filho que carrego entre recordações.

O sótão era mais alto, por isso guardava o mais alto também , pensei eu, por isso tantos tesouros, fotos ainda nas velhas molduras, empoeiradas, afastando o pó com a ponta da camiseta velha, identificando juventudes corroídas pelo tempo, penteados estranhos e roupas com outros cortes , e me imaginei lá com eles num dia qualquer, frio como o de hoje, talvez tomando uma chávena de qualquer quentura, ouvindo outras histórias, que não as de agora.

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PS: Só uma crônica, um pouco de ficção e realidade, e muito de coração e saudades.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 01/02/2017
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