DO PRIMEIRO POEMA A GENTE NUNCA ESQUECE

Pequenas crônicas do cotidiano
(05/12/2011)



















Tarde de  domingo. Decisões de campeonatos,euforia,fogos,buzinaços...
Assim que a poeira assentou-se e as ruas próximas à minha casa retomaram a pasmaceira de domingos comuns,saí para algumas fotos.
Ei-las:

Tudo muito tranqüilo e o distinto aqui sem a menor inspiração,ainda que o desejo de postar algo no recanto se manifestasse gulosamente.
Aí,no costumeiro revirar de gavetas,eis que me aparece um embrulho em papel de presente,protegido por um invólucro em plástico transparente.Abro e deparo-me com um livro que ganhei de meu pai quando tinha eu,por volta de uns 6 anos de idade.
Eu o adorava e,apesar de ainda não saber ler,folheava-o noite à dentro sob a luz de lampião. Recordo-me nitidamente,das incontáveis viagens da imaginação que fiz diante das estampas.Umas coloridas,outras em preto e branco.
Algumas vezes,à meu pedido, meus pais liam determinados trechos e eu os “bombardeava” de perguntas e questionamentos,idênticos àquêles com que,mais tarde, meu filho bombardeou-me em sua meninice.
Rabisquei ,impiedosamente, aquelas páginas e quando aprendi à ler,fui devorando cada uma delas de forma prazerosa.
Lembro-me de gostar muito de um poema de Ricardo Barbosa,que decorei e fazia questão de recita-lo quando surgia a oportunidade de uma platéia,geralmente de tios, primos mais velhos,ou os compadres de meus pais.
[Coitados!]
Sem que a dita da “inspi” decida-se a aparecer,valho-me agora do meu velho livro,(e bota velho nisso – 1938),para transcrever o primeiro poema que li,apreciei e o guardei pela vida à fora:

DOCE CONSELHO
Meu filho,quando tu fores
Ao jardim de tua irmã,
Não quebres as débeis flores
Que nascem pela manhã.

Olha: quando vens de lá
A rosa diz à açucena,
Que és de uma índole tão má
Que nem das flores tens pena...



É por estas e outras que costumo dizer:
“Do primeiro poema a gente nunca esquece”

Joel Gomes  Teixeira

Texto  reeditado
Preservados os  comentários  ao  texto anterior:


16/01/2013 17:17 - Ademar Dapaz [não autenticado]
Estou extasiado com esta revelação!!! Minha doce mãe, uma senhora de 91 anos de idade, me falou desta poesia pela primeira vez quando eu tinha não mais de 8 anos de idade! Era sua poesia favorita a ser recitada em sua sala de aula na cidade de Balsas estado do Maranhão, quando aluna-interna durante sua magnânima infância -, há quanto tempo atraz!!! Sinto-me tão ligado a esta poesia, que nada que eu dissesse poderia expressar minha emoção ao vê-la aqui grafada nas páginas da Internet! Obrigado, obrigado, obrigado.... Ademar Dapaz


14/02/2012 18:06 - jorê
Parabens poeta pela doce evocação! Uma raridade... Doces recordações! E suas fotos então! Nos remetem a um local de muita calma. Bem diferente de onde me encontro, cidade grande, cheia de burburinho, barulhos de onibus e de carros, passando com pressa de chegar, pessoas andando apressadas, a correria geral, e a pressa de ir, andando... andando... e a pressa engolindo tudo!!! abçs. jorê.


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08/12/2011 23:59 - Alice Gomes
Lembrei agora do primeiro poema que li em voz alta: "Eu me lembro, eu me lembro, era pequeno e brincava na praia"...de Casimiro de Abreu. Cheguei a ouvir a minha vozinha aqui dentro, em algum lugar lugar da minha memória. Acho que nunca mais me lembraria disso, não fosse você.


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08/12/2011 10:53 - YARA FRANÇA
MEU PRIMEIRO LIVRO, BEM GROSSO, COM ESSE ASPECTO DO TEU, COM HISTORIAS DE FADAS, EU O GANHEI AOS OITO ANOS E ANDAVA PRA CIMA E PRA COM ELE. JUNTO Á ISSO LIA A "SELEÇÕES' Q MEU PAI COMPRAVA TODO MÊS. IMAGINA A SEÇÃO Q MAIS GOSTAVA:'ENRIQUEÇA SEU VOCABULÁRIO'. TENS TODA RAZÃO.


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07/12/2011 22:36 - Maria Mineira
que lembrança boa! Poema lindo! Lembrei-me do meu também. Minha tia materna tinha um livro chamado "As mais belas histórias" Da autora Lucia casasanta, ela me emprestava para eu olhar os desenhos e quando aprendi a ler eu me encantei com uma poesia,os livros se perderam infelizmente, mas a primeira poesia eu me lembro de cor e salteada. "A fonte e a flor" de Vicente de Carvalho. Me lembro que eu chorei de dó da flor. Bom lembrar...


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07/12/2011 08:28 - Aleixenko
Olá, JOEL! Bom dia! Que DEUS te abrace com carinho! ### Também vou de saudosismo. Quando aprendi a ler, por sinal sozinho, juntando letras de recortes... antes até de aprender a ler, ouvia meu avô soletrando as palavras e ficava curioso. Acho que foi daí que quis ler. Pois bem, a primeira poesia que consegui ler e entender, eu tinha 11 anos, do Olavo Bilac - Ave Maria. Nunca a esqueci, até hoje, estou com 54 anos, ainda a recito no mínimo uma vez por semana. Para mim ela é o máximo. Parece que a sua ainda é mais velha... Valeu pela crônico amigo! ### Eu, ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro do Reino de Gorobixaba o saúdo na paz. (+++)Obrigado pelo carinho da sua visita e volte sempre(+++)


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05/12/2011 09:13 -
Amigo Joel. Como bem disse o Carlinhos Colé, tens um tesouro em tuas mãos!Mas tesouro maior são as tuas doces lembranças dos tempos de criança,onde já despontava o grande poeta que você acabou se tornando. Aplausos pela bela crônica, pelas lindas fotos. Você Tem alma de artista! Abraços do amigo Ciro


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05/12/2011 07:22 - Carlinhos Colé
Nostalgia gostosa. Tens um tesouro guardado, caro poeta.


05/12/2011 03:06 - Chico Chicão
Êta Joel do meu Paraná querido.Suas emocões vão alto e se esparramam como as araucárias.Este texto me fez retroceder 60 anos e lembrar do primeiro livro que da.Júlia me deu:*O bugre do chapéu de anta.*Creio que era este o nome e o autor Orígenes Lessa.Não sei...reminiscências...um tempo tão longe e tão perto,um tempo de virar onda do mar-*Vai e vem...Vai e vem...* Que bom te ler! Obrigado amigo.Fique na paz!


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05/12/2011 00:18 - Carlos Alberto de Souza
Lindíssimo poema, gostei muito. Abraços