A HORA DA VERDADE

O encontro entre as pessoas em um ambiente social, seja ele qual for, tende a ser geralmente amistoso e de demonstrações diversas de estado de espírito, de atenção, de consideração ou somente de educação e princípio moral. Nas diversas culturas, em todos os continentes do planeta, há variadas formas de se demonstrar essa afeição ou valorização pessoal no primeiro momento em que se percebe a presença de alguém em um local público, em um evento festivo ou em uma reunião profissional, por exemplo. Dessa forma verifica-se que naquele instante há uma convergência não somente de corpos, ou de pessoas que se afeiçoam, mas há uma incidência de histórias, de lembranças, de valores e de compromissos. Por outro lado pode haver um profundo sentimento de querência ou de repulsa entre essas pessoas que se saúdam, relativas a situações anteriores mal resolvidas. Um ditado popular nos diz que “uma das maiores vitórias que se pode conquistar é derrotar um inimigo pela gentileza”.

O gesto de cumprimentar é algo bastante relevante e na era atual existem os que ainda desprezam a importância desse ato quando duas ou mais pessoas se defrontam. Vale dizer que isso pode ocorrer em razão de uma manifestação de distância de afeto em meio ao lar em que se criaram. Ou ainda que alguns sejam muito reservados e que fiquem muito intimidados para tomar a iniciativa de se aproximar do outro para realizar tal gesto. A despeito de que o ser humano por natureza, não raras vezes, permanece em seu estado de conforto, à espera que cheguem até ele para cortejá-lo ou para situações comuns do dia a dia. Uma pessoa em sã consciência deve saber que o cumprimentar, além de tudo, é um aceno de polidez, é um gesto cordial, de aproximação entre os semelhantes. Em um cumprimento, de certa forma, podemos estar desenvolvendo uma cultura de paz no ambiente. De igual maneira podemos auxiliar para que o dia do outro fique um pouco mais aprazível, mais alegre e mais leve perante as agruras súbitas. Essa prática é tão significativa que até países que se encontravam em acirrada guerra bélica, iniciaram uma ligação pacífica depois de se cumprimentarem e apertarem a mão um do outro, através de seus líderes em um sinal de respeito, solidariedade e cessão de hostilidades entre as nações envolvidas.

Ressalta-se que uma matéria publicada pela Revista Superinteressante, no ano de 2010, descreve que o cumprimento é uma forma de saudação amigável entre duas pessoas ou entidades, geralmente com algum gesto ou fala. Os gestos que simbolizam os cumprimentos variam de cultura para cultura. No ocidente e na maioria do mundo, costuma-se utilizar o aperto de mão. Em cada cultura, país, ou continente há maneiras diferentes de se saudarem. É comum se utilizar o abraço entre os que já são amigos e que já se conhecem há algum tempo. Igualmente é usual se utilizar um, dois ou até três beijos no rosto entre homem-mulher, mulher-mulher que já são colegas ou amigos há algum tempo. Em alguns países da Ásia, se cumprimentam unindo as próprias mãos. No Japão as saudações se dão normalmente se curvando a coluna e os apertos de mão são comumente feitos em conjunto com a forma tradicional de saudação. Entre árabes, o cumprimento normal entre dois homens amigos é a troca de beijos nas faces. Na Itália, França e na Argentina, o beijo no rosto entre homens familiares e amigos também é comum. Vale lembrar que a língua portuguesa também incorporou durante o século XX o cumprimento em italiano “ciao”, que ao decorrer do século se tornou palavra para despedida, e foi dicionarizado como tchau. No Brasil, entre os cristãos evangélicos, mormente cumprimenta-se dizendo: "A paz do Senhor".

Outrossim, é que o aperto de mão é um dos gestos de saudação mais universalmente conhecido e praticado. Segundo historiadores especialistas nos costumes egípcios, os primeiros registros desse gesto aparecem nos hieróglifos em que a mão estendida de um deus passa seu poder a um ser humano. De acordo com os especialistas, isso simboliza que dar a mão, para eles, significava doação. Mas o aperto de mão teria origem muito antes disso, ainda nos primórdios da humanidade. Os estudos nesse sentido mostram que era costume dos primeiros homo sapiens andarem sempre armados, para se protegerem dos perigos, como tigres-dentes-de-sabre e inimigos de tribos rivais. O aperto de mão teria surgido, então, como um gesto de boa vontade para com um rival, para demostrar ao outro que não carregava nenhuma arma e desejava um relacionamento pacífico. Então constatamos que cumprimentar os outros é muito mais que um simples gesto de pura urbanidade. É possível a compreensão de que no exato ensejo da saudação venham à tona, lembranças marcantes que essas pessoas já vivenciaram juntas, ou mesmo ocorrer um retratar intelectivo da situação. O ápice da saudação é a interação entre as pessoas que agora podem demonstrar uma gama de sensações provocadas, seja de satisfação, tranquilidade, angústia, alegrias, tristezas, doação ou paz. Também pode ser que, aquele cumprimento seja o primeiro e o último entre eles. E conforme o senso comum, essa será a hora da verdade, será a primeira impressão que permanecerá registrada nas mentes desses atores sociais por toda a vida.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 11/06/2017
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