Nada de pés descalços.

Não andei de pés descalços ,até hoje não tenho esse hábito, apesar de ter sido bastante livre e solto na infância, com pouquíssima vigilância. A minha mãe sempre nos falava do tétano, e dizia que nos campinhos andavam cavalos, e que isso era um perigo, pois os cascos traziam a terrível bactéria que poderia nos matar.

Cansei de ver meninos que jogavam bola comigo, ferindo o pé em pregos, vidros, telhas e pedras, de correr chorando para casa e ainda levar uns cascudos de prêmio. Também me machuquei muito, e a minha mãe era super brava, me fazendo esconder os machucados. Uma vez fui ao barbeiro para que ele passasse aqua velva, e foi pior, ela descobriu e ficou mais brava ainda.

Na praia tudo bem, não haviam esses perigos, todos andavam descalços e o risco era mínimo, e além do mais o iodo é abundante , e na opinião dela era quase milagroso, curava até pensamento. Ela havia se criado sozinha, na beira do mar, e parecia conhecer todas as coisas, como um pajé numa tribo; ervas e unguentos, preparados dos mais esquisitos, palavras mágicas, tudo...

Confesso que até chinelos de dedo, as Havaianas me custou aprender a usar, só recentemente parou de doer nos vãos dos dedos, que são muito juntos, quase " homem submarino" ( exagero), mas não sou chegado, prefiro os "All Rider", me sinto mais confortável, ou tênis.

Fico descalço aqui em casa só quando ajudo na faxina, aí não tem jeito, senão fico carimbando o piso, e não tenho preguiça para arregaçar as mangas, hoje já sinto um pouco as costas, a idade vai nos cobrando e pedindo cautela, então temos que respeitar a natureza e diminuir o ritmo.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 14/07/2017
Reeditado em 23/03/2018
Código do texto: T6054003
Classificação de conteúdo: seguro