A BELEZA ESSENCIAL DE DEUS

Retiro da beleza do dia ou da noite, a essência bela de Deus para embelezar o meu interior. Nem sei se tenho sensibilidade para ver e sentir o belo na essência de Deus. Só sei que, para tanto, uso menos os olhos carnais e mais os olhos espirituais. Visto que, o belo não está só na rotina das coisas que vemos, antes da morte nos cegar. O belo está, sobretudo, na rotina das coisas invisíveis, que só vemos nos sonhos quando a alma se emancipa momentânea, ou após a morte física. Aprendi, no entanto, a não me ater apenas à visão carnal. Por isso me expando pela visão espiritual. Quão agradável é ver o belo eterno de Deus, pela visão efêmera da vida corpórea. E quão sublime é ver esse mesmo belo, pelos olhos da alma eterna que voa livre nos ares etéreos da eternidade. Ver o que pode ser visto até onde a vista alcança, com o auxílio da luz artificial e da luz natural, me propicia prazerosa emoção. Mas emoção maior eu sinto, quando a visão espiritual se estende por entre as claridades solares ou por entre as escurezas noturnas astrais. O belo para mim, o belo de Deus, é simples de ver, de sentir e de tocar, porque o sentido pelo qual Deus Cria as coisas e põe beleza nelas, é para que essa beleza tão natural, realce incessante na simplicidade das coisas divinamente criadas. Adquiri o hábito de valorizar a beleza nas coisas divinas, depois que a arte de escrever me levou à contemplação das paisagens exteriores e interiores. A paisagem exterior, o meu olhar artístico a descreve como o pintor diante da tela, dando forma ao influxo que lhe inspira a pintar. Já a paisagem interior, a despeito de sua expansão oculta, revela-se pelo êxtase mediúnico artístico, descrito com mestria pelo talento de quem pinta, esculpe, e escreve a palavra prosaica ou poética. Esses instantes sublimes ocorrem, evidente, quando a sensibilidade da alma reúne em sua essência, a beleza essencial de Deus nas coisas por Ele criadas.

Escritor Adilson Fontoura