EM VEZ DE SANGUE, MAIS PERDÃO!

Estamos em um momento de mudanças e situação tão velozes e enigmáticas que, às vezes, não refletimos qual a vida estamos levando e propagando, isto é, como está o barco da nossa vida. Quando crianças nas vivências de fantasias e sonhos não abrangemos e não temos a menor dimensão do que é conviver em sociedade, na maioridade e na idade economicamente ativa na busca pelo pão de cada dia. Desse modo, na juventude com voracidade queremos seguir sempre em frente, não importa o que nos aconteça, acreditamos que somos infalíveis. Compreendemos que no modo indestrutível romperemos todas as barreiras e paradigmas. De vez em quando e não raro até ouvimos ideias de altivez absurda que podem aprisionar o ser humano em mundo de violência que se insere em nosso meio de jeito invisível e que nos toma e nos destrói lentamente.

Quiçá em família vivenciamos dificuldades de convívio, que mesmo que não concordemos tratamos tudo como se fosse bastante natural. Crianças e adolescentes são maltratados por pais irresponsáveis, pais também que já na terceira idade são violentados pelos filhos, pessoas que encontramos e que vivem nas ruas em total indignidade, desaforadamente como animais irracionais. É desolador o que nos propõem muitas vezes nas telas da televisão ou do computador, que somente retrata desgosto e brutalidade. E aqui, como um canal, uma perspectiva, colocamos em evidência o que nos apresenta a Campanha da Fraternidade 2018 em que o tema é: “Fraternidade e superação da violência”. E esse apanágio nos remonta sobre o que devemos inevitavelmente estancar em nossas vidas que de tal forma inconsciente estamos sendo violentados pouco a pouco e não percebemos. É, portanto, o coração humano que precisa ser pacificado. “A superação da violência passa necessariamente pela conversão dos atos do homem que pressupõe uma conversão de seu coração” (CF 2018 Texto-Base n. 172). A Igreja aponta a espiritualidade como o “instrumento necessário” para extirpar o mal: “brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).

Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o ano de 2018, foi escolhido o tema ‘Fraternidade e superação da violência’ e o lema: ‘Vós sois todos irmãos’ (Mt 28,3). Um dos objetivos este ano é “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”. Para a compreensão de todos, o início desse ideal remonta-se a 1964, em pleno desenvolvimento do Concílio Vaticano II, quando realizou-se a primeira Campanha da Fraternidade, em âmbito nacional, sob os cuidados da CNBB. Expressão de comunhão, conversão e partilha, a CF tem como objetivos permanentes despertar o espírito comunitário e cristão na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação evangelizadora, em vista de uma sociedade justa e solidária.

Nesse entendimento não é difícil nos depararmos com pessoas em tratamentos desumanos no dia a dia, com a falta de um mínimo para sobrevivência que até nos fazem por vezes “frios”. De forma velada nos levam ao entendimento de que tudo é natural: que uns tem, ou outros não, que uns estão presos, outros em liberdade, que uns são educados, outros não. E até podemos nos fazer cegos para o problema por medo do sofrimento pelos que nada tem. Formou-se uma divisão naturalística e aqueles que tem oportunidade por vezes não desenvolvem a capacidade e olhar pelos outros que estão à margem da sociedade e são vitimados e deflorados todos os dias. Consequentemente se submetem a isso em razão de terem perdido a esperança, de terem crido que não há ninguém por eles. Que dessa forma o que resta é buscar a sobrevivência a qualquer custo, seja na mendicância, seja no crime, na prostituição, na animalização que entristece a todos. Esses não tem consigo a ideia de que todos somos irmãos assim como nos é proposto pelo lema da Campanha da Fraternidade. É preciso repensar! É necessário que abramos os olhos ao que está ao redor e possamos nos dar ao real valor que cada um tem, isto é, todos nós somos seres humanos, e como tal devemos ser vistos e tratados com seus direitos e deveres para bem conviver em sociedade e para em um gesto de empatia tornar a nossa vida e do outro um pouco mais pacífica e fraterna e digna.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 10/01/2018
Código do texto: T6222478
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