A VIDA POR UM FIO

Banalizaram a vida como se ela tivesse desprezível valor! Não são raros homicídios e feminicídios em todo o mundo. Pelo contrário, percebemos que matam simplesmente por um par de tênis; porque não aguentam desaforos no trânsito; matam também porque alguém disse um simples “não” ou, de maneira absurda e passionalmente, porque acabou um relacionamento. Tiram vidas e vidas porque não foram capazes de se formar como pessoa ou como profissional. Então por insuficiência, por não suportarem a sorte, a prosperidade de outrem, são motivadores de maldade e crueldades sem limites. Temos aqui já elencados diversos problemas sociais que ocasionam o que vivemos na sociedade. Esses, enfermos mentais, ao que parecem sentem satisfação em observar a agonia alheia. Desse modo matam famílias inteiras não somente aqui, mas em grande parte do globo terrestre. São monstros em pele humana. Definitivamente a vida está por um fio de navalha. E ainda há quem defenda a legalização da liberação do porte de arma de fogo. Será que a sociedade está preparada para que cada cidadão tenha uma arma?

Ainda na última semana nos deparamos com uma notícia de que nos Estados Unidos uma multidão de cerca de quinhentas mil pessoas estava percorrendo as ruas de Washington em manifestações públicas chamadas de “March For Our Lives” para clamar pelo controle das armas de fogo no país. Esse evento teve apoio de grande parte dos americanos e foi comandado pelos sobreviventes do último massacre ocorrido no mês passado, no Colégio Marjory Stoneman Douglas de Parkland, na Flórida em que resultou na morte de dezessete pessoas. Com base nos números de um relatório publicado pelo grupo de pesquisa suíço Small Arms Survey, os Estados Unidos são o país com o maior número absoluto de armas de fogo em poder da população civil, com 325 milhões, numa taxa de 89 armas de fogo para cada 100 habitantes. Essa taxa põe os EUA também no topo do ranking de armas per-capita. O Brasil, por sua vez, aparece em nono lugar no ranking absoluto, com pouco menos de 15 milhões de armas nas mãos de cidadãos comuns, e em 75º no ranking per-capita, com 8 armas por 100 habitantes.

No geral, os dados de diversos levantamentos indicam que o “cidadão de bem” que adquire uma arma tem muito mais chance de usá-la – ou vê-la ser usada – contra si mesmo ou um ente querido do que em defesa própria. Estatísticas do FBI apontam que 80% dos homens e 90% das mulheres vítimas de homicídio são mortos por alguém conhecido, e que o número de homicídios cometidos em brigas e discussões é mais do que o dobro do que acontece em meio a um outro ato criminoso, como roubos e assaltos. A Campanha do Desarmamento que se iniciou no Brasil no ano de 2003 nos traz como um dos efeitos que mais de cento e sessenta mil vidas foram salvas em razão do grande clamor pela entrega gratuita das armas de fogo até os dias atuais.

Em síntese temos que se por um lado a menor quantidade de armas nas mãos das pessoas evita muitas mortes, também temos que a cultura, a educação, os princípios e valores sociais devem ser enfatizados e propagados incisivamente perante a coletividade para que se tenha sensibilidade e consciência ante a vida humana. A violência parece habitar a cabeça de muitos desde a infância em razão do quotidiano, de brincadeiras, de jogos, de famílias mal estruturadas e porque não dizer pela falta de educação de qualidade. E os pais, professores e escolas devem estar atentos a isso para educarem as crianças, jovens e adolescentes e dissipar junto a eles o bem viver em comunidade como valor principal. De modo que a empatia deva ser trabalhada de forma recorrente para se tornar um hábito natural nas relações humanas. Para que em meio a isso, a gentileza e o respeito mútuo possam com abrangência alcançar índices maiores na preservação da paz e na melhor conduta em relação a valorização da vida.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 24/03/2018
Reeditado em 24/03/2018
Código do texto: T6289654
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