Tão teu, tão tua

Boa noite meu 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez vem aqui a esse espaço literário ler crônicas de amor, as quais nunca faço. Todavia, hoje, nessa quinta-feira pouco usual para as crônicas bacamartianas, resolvi fazer algo também pouco usual: justamente uma crônica de amor.

E porque essa noite? É porque está chovendo e relampejando agora aqui em Charky City e isso fez esse coração coroa bater descompassado de emoção, lembrando de amores de outrora, amores do jovem Bacamarte... Ah, o jovem Bacamarte, olhava sua imagem bela, máscula e jovial no espelho do quarto, nu, e sabia que as mulheres tinham sorte dele existir para dar calor e sentido a suas vidas. E saía para as noites em busca de intrépidas aventuras amorosas. E não havia frio, chuva ou tempestade que o intimidasse...

Assim, numa noite de chuva e relâmpagos de 1983 estava o jovem Bacamarte no inóspito centro de Nuuk todo branco e gelado trazendo beleza e sentido para aquela paisagem monocromática. Eis que percebe uma figura vindo em sua direção, em sentido contrário. Pela quantidade de roupa, não podia ver se era uma bela criatura, mas o andar revelava ser uma fêmea da espécia humana. Tratava-se de uma turista americana em busca de uma noite agradável...

Como o jovem Bacamarte já era à época uma pessoa culta, entabulou na língua de Shakespeare uma conversa com a young girl da terra do Tio Sam. Obviamente impressionada com a beleza do jovem Bacamarte, não foi difícil para esta acordar em ir para um pub no centro da capital da Groenlândia dividir álcool e compartilhaR uma conversa.

Mary, Mary Burns era seu nome. Gostei, havia uma poesia sugestiva nele, como vocês percebem. A bebida de considerável teor alcoólico fez a americana corar como uma pintura de Van Gogh. Bem, eu conhecia um hotel aconchegante ali no centro onde não se faziam perguntas a jovens com uma boa quantia para gastar, como era o caso do jovem Bacamarte. E lá foi ela com Mary Burns para uma longa noite de entendimento recíproco. Very beautiful, burning. Como, mesmo que não pareça, sou um cavalheiro, não vou entrar em detalhes sobre as peripécias amorosas do jovem Bacamarte.

Eis-me aqui, décadas depois, olhando o fogo da lareira, bebendo esse destilado de excelente qualidade e recordando de Mary Burns, noutra noite de chuva e relâmpagos. Onde estará? Nunca mais vi, depois que partiu, depois de duas semanas. Nunca procurei e nem vou procurar na internet.

Amores do passado são estátuas de gelo...

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 30/08/2018
Reeditado em 30/08/2018
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