Crônica na casa do meu avô

Na casa do meu avô

Eu sinto enorme saudade da casa do meu avô,onde passei a infância e tive o meu início literário. Foi ali naquela casa ingente que comecei a minha vida artística e ler os melhores romances do Brasil. A tia Marica tinha como obrigação a ler sempre bons livros e muitos cordéis para eu ouvir. Foi lendo bons cordéis que senti vontade de também escrever e me tornar um prosador da língua portuguesa.Quando eu lia um texto de Machado de Assis sentia dentro de mim que um dia eu seria aquilo também. Nunca pensei em dinheiro nem correr atrás de riqueza porque o meu interesse foi sempre a cultura e sobretudo a arte. Ser artista foi sempre a minha paixão porque eu trago na veia o sangue artístico. A literatura é meu robe porque não tem um dia que eu não leia qualquer coisa para realmente animar o meu ego e externar a minha dor. Quando escrevo um soneto para mim eu pus um filho no mundo e este filho terá alguma serventia. Contudo, não liguei para nenhuma formação que tanto empolga ao nosso povo. A minha paixão maior foi ler, buscar nos livros o bom discernimento sem ser doutor em coisa alguma.Continuo lendo os grandes pensadores, os grandes poetas e romancistas porque são eles que me dão o caminho da verdade e o suporte literário. Sem ler ninguém irá a lugar nenhum, porque somente a leitura nos dá grande certeza para tudo. Foi ouvindo a tia Marica ler bons livros que tomei gosto pela cultura e procurei ser

um literato também. Meu maior problema foi enfrentar a própria família na minha caminhada de artista encontrei mais rejeição do que apoio. Se a tia Marica me incentivava a boa leitura eu encontrava também barreiras para serem quebradas para eu ser o que hoje realmente sou. A sociedade não admite um artista quando ele vem de um meio paupérrimo como é o meu caso. Para o povo ignorante, eu sou uma ameaça terrível, embora eu não ligue para tal coisa.Eu faço o que sinto e posso para não perturbar a ninguém e não depender do dinheiro alheio. Compro livros com meu pouco dinheiro, ainda assim sou malvisto por uma gente que não tem na mente nada de cultura e muito menos de caráter. Meus escritos sempre trazem um desabafo a uma sociedade medíocre que não respeita o sentimento do seu semelhante.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 29/10/2018
Reeditado em 29/10/2018
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