Crônica à memória de Antonio Nunes de França Grande repentista

A viola perdeu mais um membro e o povo perdeu um grande artista do repente: Antonio Nunes de França, grande poeta potiguarino. Antonio Nunes de França nasceu no Rio Grande do Norte no ano de 1938, no município de Alexandria não muito distante do nosso Ceará. Muito jovem Antonio França chegou ao Limoeiro do Norte e começou a fazer um programa com o poeta Justo Alves de Amorim que logo consagrou fama por todo vale jaguaribano e muitas regiões vizinhas. Depois de cantar muito tempo com Justo Amorim teve outro companheiro fantástico o repentista Juvenal Evangelista dos Santos: natural de Picuí no estado da Paraíba. Em 74 conheci a dupla de repentistas com quem travei grande amizade sobretudo o poeta Juvenal com quem tirei muitos baiões nos palcos das cantorias nordestinas. A primeira viola que comprei foi do poeta Juvenal companheiro de Antonio Nunes de França, o nosso poeta que pereceu com oitenta anos completos. Antonio França deixou uma saudade enorme aos ouvintes de cantoria porque o povo gostava de ouví-lo cantando repente ao som da viola plangente. Se não foi um gênio do repente pelo menos foi um grande menestrel improvisando bons versos, porque Antonio França nunca cantou decorado, como faz a maioria. Como repentista merece ser lembrado por todos aqueles que tocam viola ou por quem virá depois. Ouvi muita cantoria de Antonio Nunes de França, contudo nunca ouvi o poeta cantar baboseira, tinha ele um apreço enorme pela plateia, muito mais pelo seu ouvinte que tanto o amava. O seu estado deve estar de luto e o meu Ceará também e mormente Limoeiro onde o nosso bardo morou quase a vida inteira cantando ou fazendo amizade em todo vale jaguaribano. Era um bom cantador um cidadão exemplar na arte da cantoria. Faz pouco tempo que tirei um baião com o nosso genial poeta em minha cidade Russas. Deus o chamou na hora certa e sem dúvida alguma preparou para o nosso vate um lugar de destaque no éter celestial. Deixo aqui o meu respeito ao grande artista ao grande cantador Antonio Nunes de França que tanto nos alegrou cantando repente social e fazendo muitos sertanejos felizes.

Antonio França não morreu, a sua voz ficará na alma do povo que tanto o amava o seu repente ficará na mente do nosso jaguaribano, do nosso potiguarino e maiormente por todo este Brasil enorme que o nosso poeta conheceu tão bem.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 20/11/2018
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