PRESERVAR É PRECISO...É PRECISO PRESERVAR

O mundo inteiro fala de preservação ambiental; o mundo inteiro pede, exige e destina bilhares de milhões de dólares para ajudar em estudos de viabilidade técnica que encontre soluções para os problemas ecológicos; no mundo inteiro se cria, inova ou recicla entidades que possuem na teoria ou na prática o espírito de preservação da natureza; pessoas escrevem e milhares de outras pessoas lêem textos rogatórios que tentam conscientizar, mas o mundo inteiro também insiste em desrespeitar os princípios básicos destas ações de preservação do meio ambiente.

Nem bem nascemos e já aprendemos o restolho dos hábitos humanos. Primeiro, não há nenhum incentivo a minimizar ou erradicar os desperdícios. Milhares de toneladas de alimentos, plantas e outros materiais orgânicos são jogados no lixo todos os dias, ou por desconhecimento de ações que consigam reutilizar, por ignorância plena ou pela política nefasta de cada local que impedem doações.

Entre pratos e talheres de casas e restaurantes espalhados pelo mundo, o lixo lambe a maior parte do que é produzido enquanto seres humanos passam fome e enquanto a terra poderia aproveitar melhor tudo isso, desde que houvesse pessoas e máquinas capazes de separar o que pode ser absorvido pela natureza sem impacto negativo e aquilo que é de fato lixo.

O que deveria acontecer ainda na infância é esquecido ou deixado de plano para ser aplicado quando houver tempo; a educação ambiental e mecanismos sociais eficazes, que capacitassem cada criança num técnico evolutivo em meio ambiente, não ganham espaço forte nas escolas e em casa e o resultado é catastrófico. Cada criança ignorante dos efeitos de maus tratos ao meio ambiente se torna um pequeno monstro destruidor que crescerá e aprenderá tardiamente que seu meio social é uma bomba preste a explodir.

Papeis de bala, plásticos de chocolate e alimentos não recebem o tratamento correto nas mãos de crianças e adolescentes que geralmente as coloca em lixos ou nas calçadas, ruas e rios das cidades onde vivem. Toda esta sujeira vira uma montanha de lixo que fatalmente entope bueiros ou vão parar em rios, riachos e córregos que transbordam nas épocas de chuvas e inundam as mesmas cidades, inclusive vitimando pessoas e causando prejuízos financeiros a outros milhares.

Sem querer ou sem saber (ainda), estas crianças que não tem a aplicação de educação ambiental consistente, não sabe que serão elas mesmas quem mais sofrerão no futuro com estes desperdícios e degradação do meio ambiente. A política de preservação e a conscientização de evitar a todo custo o desperdício beneficiam em tese toda a população mundial e deveria começar em casa, com pais, tios, irmãos e amigos ensinando em primeiro plano às nossas acrianças de hoje estas lições imprescindíveis.

Nas escolas de modo geral também se começa a falar no tema, mas não há uma política insistente ou métodos práticos que destinem o corpo discente a aprender de fato as lições e o tema ainda são vago ou pouco discutido, a não ser o básico, o comum. O governo brasileiro possui em um de seus ministérios uma titular a altura do tema; trata-se da Ministra de Meio Ambiente Marina Silva, que nasceu numa região privilegiada de eco sistema, região amazônica, e sofreu na pele todos os dissabores das questões ambientais, mas sua pasta ainda é fraca e nada difundida em escolas municipais e estaduais.

Poderíamos ter até uma sobre-força vinda da Ministra Marina Silva, mas ainda não temos e o fato é que o tema continua sendo discutido apenas em teses de mestrados de universidades e com serventia de apenas servir de oportunidade para a conclusão de monografias.

Eu tive a oportunidade de morar em uma das cidades mais limpas do Brasil, Curitiba, e foi lá, depois de décadas de vida, que eu aprendi definitivamente a me educar para poder viver num ambiente mais saudável e agradável; sem querer, aprendi também que tudo isso beneficia um macro eco-sistema. Na capital paranaense a maioria das pessoas que fumam, não joga as pontas dos cigarros nas ruas, mesmo nas periferias e o mesmo acontece com quem come ou consome produtos que estão envoltos em embalagens, mas o poder público contribui com tudo isso, quando ele põe mais lixeiras e emprega pessoal de limpeza capacitado.

Outra atitude magnífica dos poderes constituídos em Curitiba é a criação, preservação e divulgação dos parques ecológicos, existem pelo menos cinco grandes parques distribuídos numa cidade de pouco mais de 1,5 milhões de habitantes. Estes parques, a exemplo do Tanguá e Tingui, reproduzem micro ambiente para milhares de vidas e causam um impacto positivo para quem vive ou visita a cidade. Neles existem cascatas artificiais que lembram as cachoeiras das matas virgens, plantas, animais e obras de arte. Os milhares de pessoas que visitam tais parques recebem uma espécie de gás extra em seus pulmões e corações e é quase impossível ver qualquer tipo de lixo nas gramas ou vias calçadas. Apenas para se ter uma idéia da importância dos parques curitibanos para a sua população, eles recebem mais visitantes do que o jardim zoológico ou as salas de cinema da cidade. Dois outros parques de Curitiba possuem verdadeiras obras de arte de grandeza máxima; a Ópera de Arame e o Jardim Botânico com sua imensa estufa de vidro que é um dos cartões postais do Estado.

Curitiba e seus moradores possuem outro privilégio que é estar praticamente dentro de uma reserva de mata atlântica que se estende de Santa Catarina até São Paulo e no meio desta reserva quase que intransponível existe uma das maravilhas do estado do Paraná que é a estrada da Graciosa onde passa o Trem Litorina que liga Curitiba a Morretes, um dos melhores e mais magníficos passeios que eu já fiz em toda minha vida.

Tudo isso que Curitiba apresenta hoje foi fruto de muita força de vontade e prática educacional. O estado que tradicionalmente é agrícola, viu despontar os braços do futuro com usinas, fábricas e o crescimento assustador das cidades por causa da soja e Curitiba se viu apertada e pressionada a criar tais métodos de preservação e criação de um ambiente politicamente correto para seus moradores e para celebrar definitivamente um pacto com o bem estar social os transportes públicos sofreram tantas modificações que hoje serve de modelo para o mundo, mas esta é uma outra história.

Se pensarmos bem, a cidade de Curitiba conseguiu se modernizar e garantir aos seus munícipes a melhor qualidade de vida entre as capitais brasileiras em menos de cinqüenta anos; tudo isso foi visto com certeza com desconfiança e certo retruque lá no início de tudo, mas hoje, tudo, tudo que foi batalhado e implantado, orgulha até mesmo o menos dado às questões ecológicas.

Se Curitiba conseguiu, porque cidades maiores e menores do Brasil não podem fazer o mesmo? Dizem que invejar é algo deveras ruim, mas a inveja do modelo social e ecológico de Curitiba poderia sim ser invejado e copiado por qualquer cidade, sem a menor desconfiança dela ser má exprobrada.

Assim como as leis, o meio ambiente politicamente correta e saudável é fruto de inúmeras ações com a colheita de frutos em longo prazo, mas outras pequenas ações devem ser adotadas hoje, ou como dizem no trocadilho, ontem. Temos que começar a entender que já estamos vivendo com variações bruscas de temperatura onde predomina o aquecimento global. Este aquecimento provoca inúmeras ações naturais que matam pessoas e ferem outros milhares. Hoje a ação mais comum provocada pelo aquecimento global é a subida de nível dos oceanos que traz sérias conseqüências para todo o planeta e como dizem os cientistas, isso é provocado desde a flatulência bovina que processa o capim no estômago e produz gás metano a até as queimadas criminosas de grandes proporções das matas e reservas florestais.

Pelo que dá para compreender, a reação provocada por estas anomalias encefálicas de seres humanos gananciosos e ignorantes que jamais poderão ser consideradas como ignomínias do destino, acendem outras reações em cadeia com conseqüências graves.

Se não temos a consciência educacional de preservação do nosso meio ambiente; matam-se animais sem o devido estudo de impacto; joga-se lixo desnecessário em qualquer lugar ou se simplesmente produzimos cada vez mais soluções paliativas que geram ainda mais problemas no futuro breve, temos que nos acostumar a ver cada vez mais um estado de miséria nas cidades e nos campos de todo o mundo.

Às vezes estamos à mercê das grandes potências como Estados Unidos e China que são os maiores poluentes, mas muito embora sejam eles maiores que nós, possuem menos matas nativas e praticamente dependem de nossa produção natural de oxigênio para continuarem a pensar num mundo melhor, portanto, já temos uma espécie de “ponto de partida”. Temos que usar o trunfo que possuímos hoje; somos assediados e o resto do mundo precisa de nossos valores para ser em breve o pulmão do mundo, mas para tanto, se quisermos ganhar algo em troca desta ligeira vantagem, temos que começar a cultivar algumas obras como: dar mais valor a educação de higiene coletiva, limpando ou evitando sujar, ruas e espaços públicos; reciclando em casa o lixo doméstico e exigindo cada vez mais dos poderes que aproveitem estas reciclagens; evitando consumir ao máximo os combustíveis finitos e mais poluentes como os derivados de petróleo e substituí-lo na medida do possível com os combustíveis alternativos como biodiesel e álcool; evitando fumar ou fazer fogueiras em matas ou próximo delas; descobrindo e preservando nascentes de água; estudando projetos eficientes de tratamento de poluentes para empresas que descartam os restos de matérias-primas nos rios e tudo isso, repito, começa em casa e nas escolas, ainda bem cedo.

Em Belo Horizonte, cidade em que escolhi para viver agora, exceto o Parque Municipal, que é pequeno demais para a população, não existe mais alternativas expressivas para a prática ecológica. Nos arredores da cidade existem outros mananciais significativos e reservas florestais sob forte foco da preservação, mas todos são órfãos de ações na prática e esquecidos pela juventude. Algumas pequenas matas nativas estão dentro de condomínios e inacessíveis ao resto da população; a maioria destas pequenas reservas ricas em pequenos animais e plantas exóticos está protegida apenas pelas ações populares e o conjunto de normas regedoras fica sob a tutela do Ministério Público.

É incrível imaginar que nós brasileiros ainda não acordamos deste sonho quase eterno que nos embala a pensar que tudo isso que estamos vivendo será para sempre e que os fatores mais importantes dos temas ecológicos jamais nos farão falta; é incrível ver tantos jovens que possuem acesso fácil a universidades e por conseqüência a cultura, notícia e amadurecimento, não tenham enxergado que as nações africanas e asiáticas que vivem abaixo da linha do suportável e sofrem a cada ano com as conseqüências climáticas um dia tiveram florestas, animais e água em abundancia ou que simplesmente ignoram os milhares de apelos de quem estuda e se dedica à vida inteira as ciências sociais, apresentando em fartos documentos de que se não tomarmos uma atitude urgente, tudo isso que ainda temos vai acabar.

Será mesmo que somos tão asnos em pensar que a água que é fonte de vida, o verde das matas que nos dá condição de respirar e os animais que abrigam estas matas podem ser substituídos por máquinas ou programas de computadores? Será mesmo que somos tão inúteis ou incapazes de acreditar que os oceanos, animais e plantas marinhas conseguem sobreviver com tantas agressões que nós mesmos provocamos?

As provas estão cada vez mais claras e nos mostram que a qualidade de vida da população mundial diminuiu consideravelmente nos últimos vinte anos e que em menos de vinte próximos anos haverá mais gente nas cidades do que nos campos. No dia em que isso ocorrer, tenham certeza que já será o meio do inferno, pois no início já estamos.

Não precisa ser ativista do Green Peace, WWF, estar filiado a qualquer ONG do Brasil ou do exterior para começar a fazer a lição de casa e colocar de vez seu nome numa lista crescente de pessoas de boa índole com o nosso planeta, afinal de contas, é o único pagamento que ele exige para continuar funcionando; ou também correr e vender seu apartamento para construir uma casa ecologicamente correta na Amazônia. Temos que de alguma forma iniciar alguma atividade, seja ela coletiva ou solitária, para darmos a nossa singela contribuição para um mundo melhor, veja alguns simples exemplos:

01 – Separe seu lixo em sacos identificados inicialmente com VIDROS, ORGÂNICOS e PLÁSTICOS. Tais lixos serão facilmente identificados nos aterros sanitários e as pessoas que vivem do lixo poderão encaminha-los mais facilmente a reciclagem e ainda ganharem algum dinheiro com isso.

02 – Organize grupos de visitas às matas nativas, sempre supervisionadas por especialistas ou autoridades em meio ambiente e discutam maneiras nos locais de como preserva-las e/ou faze-las crescer.

03 – Economize água em suas casas e se for construir uma residência, faça antes um estudo de viabilidade de retenção de água pluvial. Com ações como esta, você preserva mananciais e economiza dinheiro.

04 – Evite a todo custo acender cigarros ou quaisquer outras alternativas que requeiram fogo perto de terrenos que estejam próximos a reservas florestais e estando nas reservas de matas nativas, evitem fazer qualquer atividade com fogo. Fogo em áreas de preservação mata animais, destrói árvores e pode matar pessoas.

05 – Se possui carro flex ou a diesel, procure escolher um posto que venda mais barato e utilize biodiesel ou álcool; você estará ajudando na poluição.

06 – Jamais jogue qualquer objeto, mesmo que um simples pedacinho de papel nas ruas. Procure uma lixeira e caso não encontre, não tenha vergonha e leve-os para casa até o balde de lixo.

07 – Economize energia elétrica. Lembre-se que nossa energia é proveniente, 95% dela, de origem hidroelétrica, ou seja, necessitam de muita água para ser gerada, além do mais, você se beneficiará na conta no final do mês.

08 – Denuncie, não desanime; denuncie mais nos poderes constituídos, esgotos que são despejados em rios, lagoas e praias, sem o devido tratamento (raríssimo mas existente). A Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público são organismos que existem em praticamente todas as cidades do Brasil e são exemplos de oportunidades de denúncias.

09 – Se puder, plante mais árvores. Perguntem antes a especialistas quais arvores são adequadas para os locais escolhidos e plantem, plantem mais e mais árvores.

10 – Eduque cada criança que puder, principalmente se estas crianças estiverem dentro da sua casa. Filhos, irmãos, sobrinhos, netos, afilhados e vizinhos são nossos melhores alunos. Se conseguirmos colocar estas idéias nas cabeças de cada criança que encontrarmos e se cada criança se entusiasmar com os ensinamentos, teremos em breve uma legião interminável de novos e ativos conscientes preservadores do nosso meio ambiente.

Do ponto de vista legal, existem pesadas multas e leis bastante punitivas para quem “anda fora da linha” com o meio ambiente. Para os infratores, mesmo aqueles que se ocupam de fazer isso de forma acidental, a lei vigente que visa prevenir, possui alíneas claras e um toque cauteloso de severidade e rigor. Existem ainda os organismos governamentais a exemplo do IBAMA, mas este não possui pessoal qualificado e volta e meia anda mergulhado em denúncias de corrupção, o que de certa forma tira a autoridade sobre o tema; e os institutos de estudos ambientais que em sua maioria são estaduais ou ligados diretamente aos parques, pesca e clima, que não punem o quanto deveriam ou existem somente no papel. Resumindo, a Lei está aí; ela existe, mas raramente vê-se aplicada de modo justo e rotineiro.

Ao invés de patrocinarmos muitos destes estudos, que são em sua maioria meras teses de gente afim de ganhar notoriedade apenas, e partíssemos para o ataque educacional, na raiz do problema, evitando, repito, a criação de mais de nós, nas escolas de iniciação ao alfabeto, com certeza teríamos mais do que nos orgulhar.

Na foto de ilustração, mostro o Alto da Gandarela, que fica no município de Rio Acima, aqui pertinho de Belo Horizonte, que muito embora pertença a uma mineradora que extrai riquezas do solo com a devida permissão legal, atende a requisitos básicos de preservação. No local há a Mata do Boi que ainda é possível se ver nascentes, árvores seculares e animais como onça pintada e pacas, além de uma vegetação fechada que muito faz lembrar as florestas de antigamente. O local é aberto a visitação e embora haja fiscalização particular, quem visita deixa rastros que o tempo terá muito trabalho para recompor, como as queimadas e o lixo. É nesta hora que eu me envergonho de ser humano e de pertencer à mesma classe medíocre daqueles que simplesmente não pensam.

Eu lembrarei de uma charge da década de 80 que mostrava um porquinho e as inscrições: “Olha a cara de quem joga lixo no chão!”. Ou partimos urgente para esta guerra ou vamos deixar que os inimigos (poluentes, queimadas, falta d’água, etc) comecem nos ferindo agora e matando nossos filhos e netos em muito breve.

Texto e foto (Alto da Gandarela – Rio Acima – MG): Carlos Henrique Mascarenhas Pires. WWW.IRREGULAR.COM.BR