NA PRÁTICA DO MAL, O PRAZER

A prática do mal tem um viés de prazer, contou Santo Agostinho no livro Confissões, um clássico. Contou ele que, quando jovem, saiu com amigos pelo campo e quando lhes deu fome, não pensaram duas vezes em invadir uma propriedade e colheram maçãs que não lhes pertenciam. Não contentes em matar a fome, depredaram vários pés da fruta, derrubando-as ao chão, por mero prazer.

Isso explica muito o que ocorre quando garotos da periferia invadem, por exemplo, uma escola e, além de levar lápis e borrachas, jogam cadernos e papéis pelo chão e ainda quebram banheiros e aparelhos... Eu mesmo, quando criança pobre na Vila Brasilândia, participei de atos de vandalismo assim, sem nem saber porquê.

Pode ser por efeito da catarse, ato de liberação do consciente, e adesão incosnciente ao espírito de grupo, muito comum nas torcidas uniformizadas, ato que transforma seres humanos em animais quando agrupados. Ou ainda em eleições, como vimos recentemente, ou antes no nazismo.