ANDAR PELO MESMO CAMINHO

ANDAR PELO MESMO CAMINHO

Andar pelo mesmo caminho não quer dizer que seja o mesmo andar, tampouco seja o mesmo caminho. A começar pela hora diversa que se anda pela mesma senda. A mesma senda?! Pode-se andar pela mesma senda na quentura do sol pleno do dia, estafando o corpo e diminuindo os passos de chegada a algum lugar almejado.

Ou pode-se percorrer o mesmo caminho durante a noite fria, sentindo o vento gélido roçando e penetrando o corpo, causando arrepios invernais, cuja alma apressa os passos, desejosa de achar algum porto seguro para abrigar-se. Ou seja, num dia qualquer, a precisão de andar pela mesma vereda, ocorre de manhã cedinho, ainda no limiar do alvor, ou no decorrer do dia.

Noutro dia, a mesma pessoa que habitua-se a percorrer o mesmo caminho, o faz no anoitecer ou no seu transcurso. Então, ilude-se quem acha que é o mesmo andar, a mesma senda, os mesmos passos, porque deveras não é, jamais será.

O próprio caminho, a própria pessoa, modificam-se a cada instante de hora contínua, envoltos na lentidão ou ligeireza do tempo, que assiste, contemplativo, ora o vai-vem de quem passa em sua luta cotidiana, ora a desolação deserta da senda que, por assim dizer, sente falta dos que alí passam, inclusive do tempo, que participa dos fatos, deixa neles, uma parte de sua presença indiferente aos fatos, e segue a sua jornada como partícipe constante de tudo que move e ocorre no existir efêmero e eterno das coisas.

Andar pelo mesmo caminho. Entretanto, não é o mesmo andar, nem o mesmo caminho. Antes, quem não sabia, agora sabe que, o seu corpo físico pode andar pela mesma senda e depois não andar mais. Mas a sua alma, revestida pelo corpo fluídico, pode continuar andando pelo mesmo caminho em sua condição de desencarnada.

Ciente de que, a mesma senda não é a mesma senda. Seja na leveza ou peso do perispírito, bem como do caminho que a alma percorre, enquanto ela mesma não reencarna noutro corpo, e ambos, corpo e alma, tenham de passar pelo mesmo caminho, que jamais será o mesmo caminho.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 18/02/2019
Reeditado em 03/11/2020
Código do texto: T6577942
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