Crônicas de Brandão
Introdução
 
        Estas crônicas, a cujo protagonista carinhosamente me permito aqui chamar simplesmente “Brandão”, são memórias bem-humoradas de mais de quarenta anos de convivência, muito rarefeita pela distância, mas impregnada de uma amizade difícil de ser descrita e somente entendida por amigos e familiares que de alguma forma estiveram presentes em meus encontros com Brandão desde o ano de 1975.  Mas Brandão morreu, recentemente, em setembro de 2018, de um câncer que o maltratou durante vinte e dois anos. Escrever sobre esta amizade é perpetuá-la.

       O grande pano de fundo de minha relação com Brandão sempre foi a espiritualidade, vestida de amor, humor, aconchego, generosidade, carinho, cuidado e compaixão. Sua consciência sobre a vida e a morte nunca permitiu que perdesse o bom humor, mesmo quando o desfecho era inevitável.

       Estas crônicas são uma homenagem a Brandão e a todos os seus entes queridos, que, não por coincidência, são meus entes queridos também. São uma forma de resgatar experiências que sempre alimentaram nossa amizade e sempre foram motivo de lembranças deliciosas de um tempo que, por si só, teria valido a pena viver.

       Mas, acho que há um motivo mais profundo, mais íntimo e mais verdadeiro que me leva a essa empreitada: quando escrevo sobre nossas aventuras de vida, sinto sua presença, como se ele estivesse a me inspirar e a me incentivar a descrevê-las.

       Esta pequena obra é apenas um registro de vivências que jamais poderiam ser esquecidas. E aqui as deixo para nossos amigos, para nossos filhos e netos e, sobretudo, para o aqui e agora, que a fará reverberar pelo tempo e espaço infinitos.

       Brandão e eu falávamos sobre as Leis Universais, sobre os aprendizados que as experiências de cada um traziam em seu bojo, sobre nossas carências, sobre todas as coincidências que permeavam nossas vidas, sobre a vida e sobre a morte. Brincávamos muito com as palavras e interpretávamos, na intimidade de amigos e da família, personagens cômicos, verdadeiros ou imaginários.

       Não trato aqui da sutiliza espiritual que envolvia nossa relação, nem dos momentos tristes e nebulosos de nossas vidas. Minha tarefa é deixar a marca da alegria que brotava em cada momento em comum que nos era dado viver; é documentar o símbolo de uma relação, da forma como ela foi testemunhada ou conhecida por todos os que nos acompanharam ao longo dessa maravilhosa aventura.

       Estas crônicas são uma reverência, muitas vezes irreverente, a Brandão. É uma forma de dizer a ele:
 
“nossa amizade foi de uma relevância tal que sua expressão mais feliz não pode deixar de ser documentada nos registros dos homens e nem de ser inscrita
nos anais do Universo”.
 
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São dezessete crônicas que apresentarei aqui, neste Recanto das Letras, semanalmente, em postagens distintas, com os títulos abaixo:
 
 Introdução

1 – O Mico da Lanchonete

2 – O Brado Retumbante

3 – A Gincana da Torta de Maçã

4 – RRRai RRRobert!

5 – Vigilância Sanitária

6 – Ases do Volante

7 – Qual Sabor?

8 – Louça Suja se Lava em Casa

9 – A Velhinha de Taubaté

10 – Uma Negociação Perde-Perde

11 – Rainbow  

12 – Pois Eu D’rei Q’não

13 - O Gasômetro

14 – Um Vilão das Arábias

15 -  Segurança de Condomínio

16 - O Estrangeiro

17 – Morfélia