Frei Antônio, o santo doutor

     1. A popularidade de Santo Antônio de Pádua é indiscutível. Ele é um santo leve; fácil de ser venerado. Tem um excelente "Curriculum vitae" e uma história de vida irretocável. Um amigo meu, ímpio do berço ao túmulo, repetia que Fernando de Bulhões "é um santo palatável".
     
2. A gente conhece de sobra o Antônio de Pádua folclórico: o santo de milagres bizarros, como, por exemplo, o da pregação aos peixes, depois que os hereges se recusaram a ouvir-lhe os sermões. 
     
3. Conhecemos o santo casamenteiro ajudando as coroas a saírem do caritó. E o santo que ajuda a encontrar objetos perdidos. Eu mesmo, por conta de minha amnésia senil, vez em quando, a ele recorro. Nunca deixei de ser atendido. Obrigado, glorioso Santo Antônio.
     
4. Falar em santo casamenteiro, nos meus tempos de solteiro, ouvi de muitas moçolas casadouras que eu, em suas vidas, era um presente ou um milagre antonino. Eu me sentia o tal, mesmo sabendo que estava com elas de passagem. Me despedia, citando o "Eclesiastes" que diz haver tempo pra tudo. 
     
5. Mas Antônio, além de ter sido um santo de extraordinários milagres, foi, também um intelectual respeitado. São Francisco de Assis, seu guia espiritual, o reconhecia como um irmão sábio; e até o aconselhava a não deixar que a fama lhe tirasse a humildade e simplicidade seráficas. 
     
6. Antônio seguia à risca os conselhos de Francisco. Não há notícias de que tenha sido um exibicionista nos púlpitos que frequentou. 
     
7. Seus sermões eram exuberantes, evangelizadores e teologicamente profundos. São Boaventura, depois de Francisco de Assis o mais acreditado dos franciscanos, dizia que Frei Antônio "tinha a sabedoria dos anjos". 
     
8. Suas homilias domingueiras e nas festas santas embeveciam os fieis e apavoravam os hereges. Não por acaso lhe foi dado o apelido de "Malleus hereticorum", ou seja, "Martelo dos hereges". 
     
9. O mestre Leandro Karnal, no seu livro "Santos fortes", diz: "Antônio arrastava multidões cada vez maiores para ouvirem as suas falas sobre os valores cristãos. E mais adiante: "Antônio falava bem, muito bem. É interessante notar como sua língua - o órgão mesmo, não o idioma - foi preservada". Está em Pádua, eu vi.
     
10. Após suas pregações, Antônio de Pádua deixava o púlpito  e se recolhia à cozinha do seu convento, para se dedicar aos afazeres de cozinheiro. Santo Antônio, o cozinheiro. Exemplo de humildade, espelhado no Poverello de Assis, que nem sacerdote quis ser! 
     
11. Com este belíssimo e rico currículo, de homem santo e homem de letras, a Igreja Católica, embora com alguns séculos de atraso, o aquinhoou com o honroso título de Doutor Evangélico. Coube ao papa Eugênio Pacelli, Pio XII, proclamá-lo como Doutor da Igreja, o primeiro oriundo da Ordem dos Frades Menores, em Primeiro de novembro de 1950.
     
12. Antônio de Pádua, foi monge agostiniano. Fã de Francisco de Assis, virou frade menor. Nasceu no dia 15 de agosto de 1195, em Lisboa, e morreu no dia 13 de junho de 1231. Foi canonizado no dia 30 de maio de 1232. 
     Santo Antônio de Pádua, o santo casamenteiro; o "encontrador" de objetos perdidos; o modesto cozinheiro do seu convento e o aplaudido Doutor da Igreja, olha por nós!
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 10/06/2019
Reeditado em 12/06/2019
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