Triste comparação

Ainda precisamos aprender muito com as nações desenvolvidas, onde a lei é realmente para todos, independente de raça, credo ou posição social.
Vejamos dois casos interessantes.
Brasil:
O Sr. Francenildo Costa nascido no Estado do Piauí, era um caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar na CPI dos Bingos, que Antonio Palocci frequentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado e revirado a mando do então ministro da Fazenda. Consumado o crime, a direção da Caixa Econômica Federal absolveu o culpado (ministro Palocci) e acusou a vítima (caseiro Francelino) de ter se beneficiado de um depósito no valor de R$ 30.000,00. O caseiro informou que o dinheiro tinha sido depositado por seu pai, mas não obteve credito e por conta disso foi interrogado pela Polícia Federal até chegarem a conclusão, horas mais tarde, de que tudo era verdade.
Na época Francenildo não sabia quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à “República de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da Fazenda não se abalou, esperou sem medo a hora de confirmar na Justiça o que dissera no Congresso. Porém nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou.
Na sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o caso, ele se ofereceu para falar, mas os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci não mentiu e engavetaram a história.
Hoje o Sr. Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo.
Palocci desde aquela época livre de complicações judiciais, elegeu-se deputado, caiu nas graças de Dilma Rousseff e há quatro meses chefia a Casa Civil, de onde faz e desfaz como primeiro-ministro.
O Sr. Antonio Palocci hoje pela terceira vez em oito anos, está de volta ao noticiário político-policial e nada acontece.
Estados Unidos da América:
Nafissatou Diallo nascida na Guiné, mudou-se para Nova York em 1998 e trabalha como camareira do Sofitel há três anos. No Sábado, 14 de maio de 2011, enquanto arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, foi estuprada pelo diretor do FMI e candidato à presidência da França. Consumado o crime em Nova York, a direção do hotel chamou a polícia, que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira, os agentes da lei descobriram o paradeiro do hóspede suspeito e conseguiram prendê-lo dois minutos antes da decolagem do avião que o levaria para Paris e logicamente para a impunidade perpétua.
Depois da prisão de Strauss, a camareira foi levada à polícia para fazer o reconhecimento do agressor. Nesse momento descobriu que o estuprador era uma celebridade internacional. Nafissatou, muçulmana de 32 anos, disse que acreditava na Justiça americana.
Embora jurando que tudo não passara de sexo consensual, o acusado foi recolhido a uma cela.
Cinco dias mais tarde Strauss renunciou à direção do FMI, sepultou o projeto presidencial e é forte candidato a uma longa temporada atrás das grades.
Strauss pagou a fiança de 1 milhão de dólares para responder ao processo em prisão domiciliar. Até o julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica. Com isso descobre que, nos Estados Unidos, todos são iguais perante a lei.
Nafissatou enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um comunicado da direção do hotel: - “Estamos completamente satisfeitos com seu trabalho e seu comportamento”
Já o Francenildo não foi tentar a vida em Nova York e preferiu continuar vivendo num país que absolve o criminoso reincidente e pune quem é honesto, com o desemprego.

28/05/11
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Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 23/11/2019
Reeditado em 23/11/2019
Código do texto: T6801864
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