A marchinha
                e a colombina



     1. O carnaval está chegando e eu ainda não ouvi uma música carnavalesca que chamasse a atenção de quem cai e de quem não cai na folia.
     
2. Antigamente era assim: já no Réveillon, se sabaia, de cor, qual a música que faria sucesso na ruidosa festa momesca. Vale lembrar, fazendo-se justiça, que o rádio ajudava muito na escolha.
     
3. Cadê os bons compositores, amigos? Sumiram ou não existem mais? Olha, suas marchinhas, frevos, marcha-ranchos, etc e tal, dão alegria e vida ao carnaval. Cadê eles? Há tempos não aparecem.
     
4. A música carnavalesca, boa, claro, fica, para sempre, na história da festa momesca.      Costumo dizer, que ela faz um carnaval inesquecível; e os foliões não esquecerem o "amor" que de repente encontraram nos salões, nos blocos ou na avenida.
     
5. Por falar em avenida, não sei se o leitor notou que os autênticos foliões estão voltando pras ruas, em blocos organizados e descontraídos, como no passado.
     Há uma crescente fuga dos camarotes e das incômodas arquibancadas. O povo volta ao chão da praça. 
     
6. No Rio de Janeiro, nem se fala. Mas vejam o que vem ocorrendo na capital paulista.      A fuzarca agora não é apenas na Vila Madalena, onde o carnaval de rua paulistano teria começado. Estendeu-se pelos bairros. Vi na televisão.
     
7.  Só que, nas ruas,os foliões querem boas músicas carnavalescas.
          Se elas não aparecem, dou um conselho: cantem músicas antigas. Como, por exemplo, "Ô abre alas", de Chiquinha Gonzaga; ou "Ei, você aí, Me dá um dinheiro aí"; ou "Bandeira branca"; ou "A jardineira", com Orlando Silva.
     
8. Eu disse, lá atrás, que uma boa música carnavalesca faz um carnaval inesquecível; e os foliões não esquecerem o "amor" que, de repente, descobriram num bloco, no baile ou na avenida.
     
9. Em um carnaval que pulei - e não vou dizer em que ano, mas já faz muito tempo -, caí, apaixonado, nos braços de uma bela colombina ao som da marchinha "Confete", interpretada por Francisco Alves, o saudoso Chico Viola. 
               "Confete,
               Pedacinho colorido de saudade
               Ai, ai, ai, ai,
               Ao te ver na fantasia que usei,
               Confete, 
               Confesso que chorei.
               Chorei, porque lembrei
               O carnaval que passou
               Daquela colombina que comigo brincou
               Ai, ai, ai, ai, 
               Saudade do amor que se acabou". 
     
10. Por causa dessa marchinha, hoje esquecida, eu, folião há muito aposentado, nunca esqueci aquele carnaval e a colombina que conquistei, hoje morando no céu. 
     
11. Se ela um dia ressuscitar, vai, com certeza, se lembrar de "Confete" e que, ao som dessa marchinha, naquele carnaval, brincou comigo...   
          "Confete, pedacinho colorido de saudade": qui verso, hein? Feito para nunca ser esquecido...
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 10/02/2020
Reeditado em 11/02/2020
Código do texto: T6863186
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