Era uma vez...

Era uma vez, um tempo mágico nas nossas vidas. Nós tínhamos uma rotina: havia muita correria, muitos compromissos, uma trabalheira doida. O dia de 24 horas, às vezes, era pouco para tantas atividades. A correria da semana descansava num barzinho, nas sextas-feiras, um happy hour após o stress da semana de trabalho. No sábado ou domingo, jantar nos restaurantes com a família, depois da missa. Viagens, férias na praia ou nas fazendas da família. Sonho com uma viagem Internacional. Convites para casamentos, aniversários de amigos, formaturas e festas. Chá de casa nova ou Chá de Fralda. Claro que, vez ou outra, éramos surpreendidos por uma péssima notícia, o passamento de amigos ou parentes. Adoecimento de alguém que amamos ou até nós próprios. Mas podíamos visitar, abraçar, consolar. Ou, ainda, éramos visitados, abraçados e consolados. A moçada ia a shows e festas apoteóticas e nós, pais, tínhamos noites insones, só descansando quando a melodia metálica da chave na porta era a mais linda canção! O calendário parecia voar alegremente no ano... sabíamos que teríamos férias em janeiro, carnaval em fevereiro, semana Santa em abril, São João em junho, festas de exposições em julho, semana da criança em outubro, Natal em dezembro. Todas essas datas muito festejadas e isso significava reunião de gente, um ror de gente!

Era uma vez um tempo muito feliz!

Então começamos a ouvir boatos de um vírus mortal, abatendo milhares de chineses. Ficamos comovidos por isso, mas a China estava muito longe... Mas o vírus foi ganhando terreno pelo mundo: Itália, França, Inglaterra, Estados Unidos da América, opa, chegou aqui também! No início de abril desse ano a ordem era de isolamento e confinamento. Distanciamento. Academias, clubes, igrejas fechadas. Lojas e restaurantes. Shoppings e hotéis. Órgãos de serviço público. Na semana seguinte, Home Office para alguns. Para muitos, o medo paralisante. Todos nós tentando entender o golpe. Elucubrações, teorias, conjecturas, especulações... Todos nós ruminando esses dias estranhos. Estamos num mundo novo. Estamos tentando descobrir meios de aguentar tantos desafios que é vivermos ilhados nas nossas famílias. Os artistas inventaram as lives, os saraus literários digitais. A cabeça pensa... A emoção sustenta os pensamentos. O mundo científico corre em busca de um tratamento eficaz para o COVID-19 e por uma vacina. Os médicos e enfermeiros dão o sangue nos hospitais. A humanidade caminha a passos mais lentos, pisando em ovos. E é a esperança que a move.

Era uma vez, um povo muito valente: assim seremos lembrados nos livros de história.

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 25/05/2020
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