Vinho bom não dá ressaca II

Boa tarde meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez passam por aqui a fim de se embriagar nesse meu barril literário com crônicas da melhor safra. Abrirei outra garrafa de vinho hoje à noite e resolvi voltar ao tema. Isso mesmo, estou tri mal intencionado hoje, é Dia dos Namorados. Tuzes também estão, né? Garanto!

Como meus amigos do Sul vivem me mandando coisas, dentre elas vinho da Serra Gaúcha, eu aproveito aqui nas terras do frio onde moro. Frio valendo, não isso que chamam de inverno lá no Rio Grande e que na Bahia nem sabem o que é e se existe mesmo. Como eu usei o Aurora buenacho aquele da outra crônica para assistir um filme comendo salsichão com a Louise, hoje eu vou usar um outro, comunzão, mas também da Aurora e conhecido por lá: um tinto seco, cabernet franc, chamado Conde de Foucauld, sem ano da safra indicado - só tem um selo informando que a vinícola existe desde 1969. Não Foucault, o filósofo francês, bom que nem vinho de lá, mas Foucauld, o conde lá de Bento Gonçalves, portanto italiano transplantado. Quanto mais pretencioso o titulo da bebida, mais provável de ser meia-boca (no caso, meia-taça), assim como eu. Então fechou todas! Ovelha não é pra mato.

Bom, e para mostrar que eu não sou um cara sofisticado, farei eu mesmo o jantar de hoje, devido ao isolamento social. Minha especialidade: massa parafuso integral com carne moída. Acharam rastaquera? O que tuzes tem a ver com isso? Quem vai comer seremos eu e a Louise, não vou convidar tuzes mesmo. Buenas, embora eu tenha avisado que sou um comunzão que nem o Conde de Foucauld - aliás, conde é um título nobiliárquico bem meia-boca, né, fica acima do barão e do visconde e abaixo do marquês e do duque, bem no meínho mesmo -, saibam tuzes que isso é prato chinfrim pra tuzes, mas que aqui, no gelo charkycityense, é coisa fina. Sim, em Charky City é prato típico do exterior, só este Bacamarte conhece e sabe fazer na cidade. E se pra tuzes achar carne de gado moída de primeira é fácil aí, por aqui a coisa é rara e cara. Eu, como tuzes sabem, também recebo dos meus amigos do Sul essas iguarias - nada como ser um cara viajado e bem relacionado. E da mesma formam mandam os temperos que coloco na carne moída antes de misturá-la com a massa, raros por aqui: tomate, alho, pimentão e cebola.

Sim, tudo isso coisa fina em Charky City. O meu estilo: pico os vegetais antes e, quando a carne tá pronta - já com o alho -, boto-os na panela e já escorro a massa. A seguir, já misturo tudo e sirvo, assim os temperos ficam praticamente crus, uma delícia, adoro. Coloco ovo cozido picado em cima da massa e mandamos ver, com o Conde junto. A Louise adora, só o cheiro a encanta, vou pra cozinha cheio de grau impressionar ela. É uma cegonha mesmo (mas deve ter os truques dela comigo também). O que é a vida, né? O que num lugar é mixaria, noutro é requinte, kkkkkk. Que nem esses vinhos chilenos que vocês adoram tomar aí no Brasil, como o tal Gato Preto. Se tu vai no Chile, tu paga aí dez pilas ou menos por uma garrafa. No Brasil, tu paga cinquenta, sessenta pilas. O Conde sai uns vinte pilas lá no Sul; por aqui, se eu fosse vender, ganharia o equivalente a uns 100 pilas, até mais, se eu quiser me provalecer. Só porque é da Serra Gaúcha, Sul do Brasil, colonização italiana, biriri bororó.

É, Sul do Brasil, um lugar legal para se estar no Dia dos Namorados, em tempos sem quarentena. Porto Alegre, Torres, Cambará do Sul (onde ficam o Itaimbezinho e o Cânion Fortaleza) ou mesmo Bento Gonçalves, onde esta a Aurora, dá para pegar uns vinhos bons e ainda conhecer a vinícola, tem passeio orientado, muito legal. Não Gramado nem Canela, que pra lá só vai turista Nutella; Bento Gonçalves, cidade de turista raiz, terra do Esportivo, clube centenário onde o Renato Gaúcho começou sua carreira antes de ser levado para o Grêmio pelo Valdir Espinoza a fim de conquistar a América e o mundo, em 1983. Renato, que foi padeiro em Bento, agora tem estátua, ainda em vida, na Arena Grêmio, um dos mais modernos estádios da América do Sul. Só Pelé, na Vila Belmiro, e Romário, no São Januário, também tem, em vida. Mas mesmo que Pelé e Romário estejam à altura de Renato (que jogava mais do que Cristiano Ronaldo, ou seja, R7>CR7), com todo o respeito pela história dos tradicionais estádios, nenhum faz sombra à Arena.

Tá, era isso, já escrevi demais, né, a crônica tá mais longa do que lenga-lenga de bêbado chato. Espero que o Conde seja bom e não dê dor de cabeça, que nem o safra 2014. Conto pra tuzes outro dia como foi. Tenho um outro, também porradão da Aurora (meus amigos são de Bento), safra 2015, Milésime, cabernt sauvignon. Esse, entretanto, vou deixar para uma ocasião especial... Meu aniversário! Lembraram quando é? Não? Sabia. É amanhã, oras! Dia de Santo Antônio, 55 anos desse Bacamarte que vos escreve. Um dia depois de 12 de junho, sou verdadeiramente um presente de Dia dos Namorados, kkkkkk. Também conto depois pra tuzes como foi a comemoração.

Fui. Inté. Vivam, mas se cuidem.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 12/06/2020
Reeditado em 13/06/2020
Código do texto: T6975472
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