A Palavra de Deus ilumina a Bielorrússia nas trevas

Neste mês da Bíblia, não deixa de ser uma boa ideia confrontarmos uma “situação que clama aos Céus” no mundo atual com a Palavra de Deus, mais propriamente, o livro da Sabedoria e o livro dos Salmos. Tal situação é o que está acontecendo na Bielorrússia, país localizado na Europa Oriental, tendo a Rússia à leste, a Ucrânia ao sul, a Polônia a oeste e a Lituânia e a Letônia ao norte.

O estopim da crise deflagrou-se no dia 9 de agosto passado por ocasião das eleições presidenciais e o questionável anúncio, logo em seguida, da vitória de Alexander Lukashenko, que já se mantém 26 anos como governante, com um índice de 80% dos votos contra 10% da segunda colocada, a candidata Svetlana Tikhanovskaya. Durante a campanha eleitoral, dos três outros candidatos concorrentes, dois foram presos e um teve que fugir do país. Não houve permissão para monitoramento dessas eleições por órgãos estrangeiros isentos.

Diante de tamanha possibilidade de fraude nas eleições, o povo foi à rua. Até hoje – quatro semanas depois – já ocorreram uma série de gigantescas manisfestações multitudinárias nunca vistas antes no país. É muito improvável que nas únicas seis eleições presidenciais, depois da queda da URSS em 1991, o mesmo candidato saia vitorioso novamente por tão incrível margem de votos.

Os veementes protestos pedem mais democracia e uma reforma econômica. Diante da brutalidade policial após a detenção de muitos manifestantes, ao serem liberados, vieram à tona relatos de tortura, confinamento em celas superlotadas, falta de alimentos e fotos de hematomas em regiões corporais atingidas por socos e golpes de cacetete. Quatro pessoas foram mortas. Os protestos estenderam-se pelas fábricas e houve convocação de greves.

A população queixa-se da corrupção, pobreza generalizada, falta de oportunidades e baixos salários. A União Europeia não reconhece os resultados dessa eleição e já decidiu impor sanções ao país.

Como efeitos negativos caudatários anteriores à ditadura de Lakashenko podemos citar: a destruição da infraestrutura do país na Segunda Guerra Mundial, a profunda crise econômica resultante do desmantelamento de todas as Repúblicas socialistas soviéticas e a contaminação radiotiva em 25% do país devido à catástrofe nuclear de Chernobil. Há seis meses, apareceu a crise ocasionada pelo Coronavírus, agravando a situação socioeconômica. Como outros no mundo, esse presidente revelou total despreparo para enfrentar a pandemia, sugerindo como tratamento a vodca, o trabalho duro e a sauna.

O governante mantém reprimidas a oposição e a imprensa e tem férreo controle sobre o poder executivo, legislativo, judicial e policial. Seu autoritarismo é justificado por Lukashenko como garantia de estabilidade e defesa diante do risco de invasão estrangeira.

Maria Kolesnikova, Svetlana Tikhanovskaya, Veronika Tsepkalo e Maxim Znak se uniram num Conselho de Coordenação da oposição, liderando as manifestações populares e exigindo imediatamente novas eleições. Alguns deles já foram perseguidos, raptados e presos.

O ditador Alexander Lukashenko diz que só sai morto do poder.

A Palavra de Deus nos ilumina, protege e desmascara o mal.

Livro da Sabedoria 6, 1-11

“Escutem, governantes, e entendam;

aprendam, autoridades do mundo inteiro.

Prestem atenção, todos os que governam os povos

e se orgulham de ter conquistado muitas nações.

Pois é o Senhor quem vos dá domínio;

o Altíssimo é quem vos dá o poder.

Ele examinará as vossas obras e julgará os vossos planos.

O vosso dever é servir o reino de Deus,

mas não governam como devem;

não obedecem à lei de Deus nem seguem a sua vontade.

Ele virá de repente e castigar-vos-á de um modo terrível;

pois é com dureza que ele julga os poderosos.

Tem pena dos humildes e perdoa-os;

mas julga com dureza os poderosos.

O Senhor de todos não mostra preferência por ninguém;

não fica impressionado,

nem mesmo com os mais poderosos.

Pois foi ele quem criou tanto os humildes como os importantes;

trata a todos do mesmo modo.

Mas ele julgará os poderosos com mais dureza.

Por isso, óh soberanos, é para vós que eu estou a falar,

a fim de que aprendam a ser sábios e não pequem.

Os que obedecem fielmente às santas leis farão parte do povo de Deus;

os que as aprendem podem defender-se quando forem julgados.

Portanto, mostrem uma grande vontade de ouvir as minhas palavras;

tenham sede delas e assim aprenderão”.

Salmo 140 (139)

“Livrai-me, Senhor, do homem mau; preservai-me do homem violento,

Daqueles que tramam o mal no coração, que provocam discórdias diariamente,

Que aguçam a língua qual serpente, que ocultam nos lábios veneno de víbora.

Salvai-me, Senhor, das mãos do injusto; preservai-me do homem violento, daqueles que tramam minha queda.

Orgulhosos, armam laços contra mim e estendem suas redes, e junto ao caminho me colocam ciladas.

Digo ao Senhor: vós sois o meu Deus. Escutai, Senhor, a voz de minha súplica.

Senhor Deus, meu poderoso apoio! Vós protegeis minha fronte no dia do combate.

Não atendais, Senhor, aos desejos do injusto, não deixeis que se cumpram seus desígnios.

Que não levantem a cabeça os que me cercam; sobre eles recaia a malícia de seus lábios.

Carvões ardentes chovam sobre eles: sejam lançados numa fossa de onde não se ergam mais.

Não terá duração na terra a má língua; o infortúnio surpreenderá o homem violento.

Sei que o Senhor defende o desvalido, e faz justiça aos pobres.

Sim, os justos celebrarão o vosso nome, e os retos poderão viver em vossa presença”.

Simone Weil, uma mística francesa, afirmou que se nos abrirmos e dermos um espaço para Deus, por pequeno que seja, Ele atravessará o universo inteiro ao nosso encontro. Por isso, nós devemos aguardá-lo; preparar a surpresa que chega! Para uma Bielorrússia submersa na injustiça e enraizada nas trevas mais profundas de uma ditadura que já dura décadas, a fé cristã oferece um respiro revitalizador que só Deus pode realizar! Abre-se um horizonte iluminado, colorido e harmonioso mais à frente.