O santo
          e o poeta seráfico


                                      Ele foi uma
                          "luz que brilhou sobre o                            mundo".
                                    Dante Alighieri


     1. É inacreditável a devoção de alguns escritores leigos por São Francisco de Assis.      Até escritores, que se dizem ateus ou agnósticos mostram, nos seus escritos, seu afeto pelo Poverello. 
     Karl Marx (1818-1883), o guru do Comunismo, por exemplo, fez rasgado elogio ao santo que conquistou o mundo, desde 3 de outubro de 1226, data de sua morte, aos 44 anos.
     2. Foram muitos desses escritores que escreveram sobre o Pobrezinho de Assis, cujo nome de batísmo - pouca gente sabe disso - é Giovanni di Pietro di Bernardone. Portanto, antes de ser Francisco, foi João.
     Essa brusca mudança de nome, tão inesperada e significativa, fica para outra crônica seráfica que prometo escrever, não muito distante.
     Não me canso de escrever sobre São Francisco, o santo que adotei como meu protetor, desde que estudei com os seus filhos, cá na Terra, idos de 1947.
     3. Cito alguns escritores laicos que deixaram livros sobre Francisco, o amigo dos leprosos; o Alter Christus. Hermann Hesse ( 1877-1952) escreveu "São Francisco"; Jacques Le Goff (1924-2014) escreveu "São Francisco de Assis"; e Nikos Kazantizakis (1883-1957), autor de "Zorba o grego", escreveu "O Pobre de Deus", um livro que deve ser lido muitas vezes. É de uma doçura e profundidade fora do comum.
     4. No Brasil, escritores renomados escreveram sobre Francisco de Assis. O saudoso Josué Montello, em belo artigo sobre o Poverello - "Meus encontros com São Francisco" - lembra, por exemplo, o temido Agripino Grieco e seu livro "São Francisco e a poesia cristã". 
     Nunca consegui um exemplar desse livro.      Mas o que tenho lido sobre ele me diz que Grieco, áspero nas suas críticas, escreveu páginas de surpreendente ternura sobre Francisco, o poeta da "louvação a Deus para a sua Criação..."
     5. Na poesia pátria, destaco Vinicius de Moraes, um vate que dedicou lindos versos ao Pobrezinho de Assis. Colho, no seu poema "A Espantosa Ode a São Francisco de Assis" estas inspiradas linhas: "Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se jamais alguém o pudesse ser depois de ti". No mesmo poema chama Francisco de "inventor do êxtase". 
     6. Acabo de receber de uma querida amiga, a doutora Márcia Telma Bittencourt Chaves, através dos nossos WhatApps, o poema "Lá vai São Francisco", do Poetinha, musicado e na maravilhosa voz de Ney Matogrosso. 
     Com sua sonorosa voz, o ex-integrante dos "Secos e molhados" transforma esses versos do Vina numa oração cantada. Não queria transcrever o poema na sua íntegra para não cansar o leitor.  Can-sar ???
     7. Quem não quer ler o querido Vinicius?      Recusa-o, somente os insensíveis; os inacessíveis. Trancrevo,  no item seguinte, os versos franciscanos de "Lá vai São Francisco", do autor da lindíssima canção "Onde anda você"
 - (E por falar em saudade/ Onde anda você/ Onde anda os seus olhos/ Que a gente não vê/ Onde anda esse corpo/ Que me deixou morto/ De tanto prazer) 
     8. "Lá vai São Francisco
          Pelo caminho
          De pé descalço
          Tão pobrezinho
          Dormindo à noite
          Junto ao moinho
          Bebendo a água 
          Do ribeirinho
                    Lá vai São Francisco
                    De pé no chão
                    Levando nada
                    No seu surrão
                    Dizendo ao vento
                    Bom dia amigo
                    Dizendo ao fogo
                    Saúde irmão
          Lá vai São Francisco
          Pelo caminho 
          Levando ao colo
          Jesuscristinho
          Fazendo festa
          No menininho
          Contando histórias
          Pros passarinhos
                    Lá vai São Francisco
                    Pelo caminho."
     9. Fui, durante anos, aluno dos frades franciscanos em dois dos seus melhores colégios, hoje, infelizmente desativados.
     O primeiro na cidade cearense de Canindé, de 1947 a 1949 e o segundo, na cidade paraibana de Lagoa Seca, na Grande Campina Grande, de 1950 a 1952, o seminário maior.
     Durante toda a minha vida seráfica, nos seminários e depois deles, vejo São Francisco das Chagas, que é o mesmo de Assis, como o descreve Vinicius, no seu comovente "Lá vai São Francisco".
     "Jesuscristinho" é demais... Paz e bem!

Nota - Na "Semana franciscana", que vai de 27 de setembro a 4 de outubro       
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 26/09/2020
Reeditado em 09/10/2020
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