As mulheres afegãs - BVIW

Tema: Foi um livro que passou em minha vida

Formato: crônica

Quando eu estava na ativa do serviço público, os meses de janeiro ou fevereiro tinham "cara de férias". Meus sogros eram baianos e passávamos as férias na fazenda Pé de Serra. Era um tempo muito gostoso, de muitas travessuras, não só das crianças! Andávamos a cavalo, visitávamos os vizinhos, organizávamos a tropa pra passear no povoado... andávamos pelo pasto, jogávamos dominó. Além dessas coisas que fazíamos em grupo, eu tinha meu momento solitário. Sempre no meu quarto, depois do almoço ou à noite. Um encontro fantástico: com meus livros!

Mas houve um que passou em minha vida, e ficou, A Cidade do Sol, de Khaled Rosseini. É um romance muito realista e o tema é a vida das mulheres do Afeganistão. Da invisibilidade delas aos maus tratos diários, inclusive agressões físicas. Com essas mulheres eu chorei, eu me angustiei, quis sair do Brasil e voar para ajudá-las, para mostrá-las que existem outras culturas menos opressivas. Eu senti medo, tive ideias de vingança, senti o amargo da revolta. Eu quis lhes dar colo, pentear seus cabelos, dar-lhes amizade e amor.

Minha filha era pequena, devia ter uns cinco anos, e não se continha: - Mamãe, o que tem nesse livro que a faz chorar desse jeito? Por favor, não leia esse livro chato! E tentava me consolar ou pegar meu livro, que eu não cedia, pois não podia perder o próximo capítulo onde queria, com força, ver "minhas" mulheres encontrando saídas para seus problemas. Aliás, é bem-vindo explicar a diferença de dilema e problema. Dilema é um drama, não tem solução, só tem dor. É preciso transformar o dilema em problema. Todo problema tem solução. Acho que temos de ensinar as mulheres afegãs a fazerem essa transformação.

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 17/11/2020
Reeditado em 17/11/2020
Código do texto: T7113814
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