O filósofo Cortella

     "O bom texto é aquele que deixa saudades na boca da alma. Vontade de lê-lo de novo". 
                         Frei Betto
  


     1.
O senhor Mario Sergio Cortella é um filósofo que expõe suas ideias e a gente as entende sem maiores dificuldades. Fala e escreve com aplaudida fluência, abordando assuntos que nós, pobres mortais, de repente gostaríamos de saber.      Estão aí os seus livros, de fácil mn
manuseio, e suas entrevistas, no rádio e na televisão, que não me deixam mentir. 
     
2. Paranaense, o filósofo Mario Sergio Cortella (sem acentos) nasceu no dia 5 de março de 1954, na fria cidade de Londrina. Como este que vos fala, Cortella é um pisciano. Nascemos, os dois, sob o signo de Peixes. Ele, como disse, no Paraná e eu na pequenina Carius, no Ceará. 
     
3. Diferente de respeitados filósofos da antiguidade, que como disse Kafka "pensavam muito mais que liam", Cortella, nos seus belos livros, recheados de erudição, mostra-se um filósofo bastante lido. 
     E o mais importante: apesar de sua patente erudição, seus livros não provocam sufocantes sudoreses ao serem folheados, interpretados e estudados; capítulo por capítulo, frase por frase, linha por linha. 
     
4. Lendo-se Cortella, tem-se, de logo, a confirmação do que ele mesmo apregoa, ou seja, que "O conhecimento serve para encantar pessoas e não para humilhá-las". 
     É verdade. Os textos rebuscados, escritos com o auxílio de palavras extraídas a fórceps de dicionários,  não são mais inteligíveis; menos cansativos. É o que acontece com a maioria dos escritores brasileiros que usam a caneta com simplicidade mas com perfeição..
     
5. Um ligeiro parêntese, para falar mal dos outros. Dias desses, um velho amigo que se diz cronista, abordou um interessante assunto numa página de um jornal e me mandou uma cópia. Constrangido, tive que remetê-lo á minha pasta de coisas esquecidas. Era ruim demais. 
     Imaginem que tive que consultar mais de dez vezes o Houaiss e o Antenor Nascente para prosseguir na leitura. Até ao "Dicionário de Verbos e Regimes", do gramático Francisco Fernandes tive que me socorrer. Fecho o parentese.
     
6. Escrever com simplicidade é possível. Dou alguns exemplos. Salomão, no "Cântico dos cânticos", escreveu e os séculos não apagaram: "Que me beije com os beijos de sua boca". - "Seus amores são melhores que o vinho". 
     Mais rescentemente (rsrs), Vinicius de Morais versejou: "Não há amor sozinho/ É juntinho que ele fica bom". E ainda o Poetinha: "Quem pagará o enterro e as flores/ se eu morrer de amores?". Ele era assim, simples, no verso e na prosa.
     
7. Simples também é o Mario Cortella. Simples no que bota no papel e no que diz no rádio e na TV. Vai e volta, e logo estou de volta aos livros do belo filósofo.      "Filosofia: e nós com isso?", Por que fazemos o que fazemos", "Não nascemos prontos", "Não espere pelo epitáfio", "Viver em paz para morrer em paz", e os três volumes de "Pensar bem nos faz bem" mantenho-os na minha mesinha de cabeceira.
     
8. Nos livros de Cortella, recolhi alguns de seus melhores pensamentos: "A um chefe você obedece. Um lider você segue, procura, admira". - "Todo preconceito é covarde. O ofendido precisa compreender isso". - "O pessimista é alguém derrotado antes que o combate comece".São milhares. Impossível transcrevê-los aqui.
     
9. Mas ainda guardei essas sobre o amor e a felicidade. Vejam: "O amor jamais deve aceitar tudo"; e completa: "Em vez de dizer é porque eu te amo que aceito, comece a dizer que é porque te amo que não quero isso ou aquilo".
      E para finalizar: "Uma pessoa que seja capaz de amar é aquela  que recusa aquilo que faz mal". Um pouco do filósofo, escritor, palestrante, cronista que hoje homenageio. Aos livros dele, sem maiores delongas.   

      
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 22/11/2020
Reeditado em 12/02/2021
Código do texto: T7118096
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