Jesus e o flagelo de nosso tempo

O flagelo de nosso tempo pandêmico é a desigualdade social segundo Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia.

Os refugiados provenientes da guerra na Síria e da pobreza do norte da África e, ainda por cima, rejeitados pelos governos populistas fascistas e afetados pela pobreza e pandemia de covid 19 são os excluídos e descartados da sociedade no século XXI. Alguns fatores destes mencionados ou todos eles afetam muitas partes de nosso mundo em grau diverso.

O episódio do paralítico de nascimento que mendigava diante do Templo é, segundo o Papa Francisco, “o paradigma dos muitos excluídos e descartados da sociedade".

Leitura dos Atos dos Apóstolos 3,1-10

Naqueles dias:

Pedro e João subiram ao Templo

para a oração das três horas da tarde.

Então trouxeram um homem, coxo de nascença,

que costumavam colocar todos os dias

na porta do Templo, chamada Formosa,

a fim de que pedisse esmolas aos que entravam.

Quando viu Pedro e João entrando no Templo,

o homem pediu uma esmola.

Os dois olharam bem para ele

e Pedro disse: 'Olha para nós!'

O homem fitou neles o olhar,

esperando receber alguma coisa.

Pedro então lhe disse:

'Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou:

em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,

levanta-te e anda!'

E pegando-lhe a mão direita, Pedro o levantou.

Na mesma hora,

os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes.

Então ele deu um pulo, ficou de pé e começou a andar.

E entrou no Templo junto com Pedro e João,

andando, pulando e louvando a Deus.

O povo todo viu o homem andando e louvando a Deus.

E reconheceram que era ele

que pedia esmolas, sentado na porta Formosa do Templo.

E ficaram admirados e espantados

com o que havia acontecido com ele.

A prática judaica estabelecia dois momentos para o culto público, um pela manhã e outro pela tarde. Este último coincidia com o sacrifício diário do cordeiro num altar situado diante do templo. Nessa hora, os judeus interrompiam sua ocupação para unir-se ao sacrifício do cordeiro no Templo.

Pedro e João, zelosos da tradição, encontram-se ali como líderes cristãos na porta conhecida como Formosa. Ver mendigos nas imediações dos santuários é um fenômeno universal e a prática da esmola para os judeus, endossada por Jesus, era comparável à oração. Lucas dá a esta narração o mesmo alcance que tiveram os milagres realizados por Jesus. Coincide com a expectativa messiânica judaica. É um sinal do Reino de Deus entre nós.

Já cumpriu-se, então, o Novo Testamento:

“Jesus convocou os Doze e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar”. (Lc 9, 1-2)

“As multidões seguiam com atenção tudo o que Filipe dizia, e todos em peso o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia”. (At 8, 6)

A cura do paralítico simboliza o poder vivificador de Jesus que supera um desespero contínuo sem perspectiva. Isso nos induz Pedro a compreender quando manda levantar-se o enfermo em nome de Jesus de Nazaré.

O “nome” é sinônimo da pessoa e de sua autoridade. Portanto, quando Pedro pronuncia estas palavras, está dizendo que os apóstolos falam e atuam no poder de Jesus, que o enfermo deve dirigir-se também a ele e colocar nele a sua confiança. Pedro tenta demonstrar que Jesus de Nazaré segue vivo e tem o mesmo poder que o constituiu Messias e Senhor. (cf. At 2, 36)

“Que todo o povo de Israel fique sabendo com certeza que Deus tornou Senhor e Cristo aquele Jesus que vocês crucificaram”. (At 2, 36)