O BOPE E O IBOPE

Sexta-feira ou ontem véspera de sábado, recebi via WhatSapp uma piada sobre a diferença entre o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística) na qual se definia que o BOPE matava os eleitores de Lula e o IBOPE mentia na pesquisa em que atesta o primeiro lugar de Lula na corrida dos candidatos para a eleição presidencial de dois mil e vinte e dois. Nela (a piada) havia uma alusão aos mortos na favela do Jacarezinho durante operação policial recente realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, portanto, não pelo BOPE. Quem me mandou a “piada” foi um amigo da adolescência, pessoa que conheço há mais de cinquenta e cinco anos.

Desde que ele começou a se posicionar de forma extremada como apoiador de Bolsonaro, havia avisado para que não me mandasse suas manifestações radicais por nenhum meio de comunicação porque isso poderia afetar nossa antiga amizade. Inútil, ele continuou a me mandar mensagens de mau-gosto com pequenos intervalos de trégua, apesar da minha reiteração para que não continuasse a fazer isso.

Não sou petista, embora tenha votado em Lula, e é claro que me decepcionei com as histórias do mensalão e da corrupção na Petrobrás. Entretanto, não me enquadro em perfis radicais sejam eles de extrema-direita ou de extrema-esquerda.

Sexta-feira ou ontem véspera de sábado, em função do assédio do meu querido amigo, definitivamente, a amizade entre este que vos fala e seu amigo da adolescência se maculou irremediavelmente.

Disse-lhe que não conversava com fascista.

Ele disse ao repetir a frase dita por mim Eu não converso com fascista, que nunca acreditara que um motivo político poderia nos afastar. Ao que reiterei: Isso nos distancia.

É claro que fiquei triste.

Disse-lhe ainda que quando Bolsonaro saísse do poder, isto é, quando houvesse o distanciamento dos fatos presentes, nós poderíamos conversar sobre política. Ele achou isso difícil de acontecer, porque Bolsonaro vai ficar muito tempo no poder. Chega a ser patético. Porém, se houve a ruptura entre este que vos fala e seu amigo de décadas, considerado como irmão, imaginem com que facilidade eu me afastaria de outros amigos ou conhecidos menos importantes.

Sei que ainda vou ouvir falar muito do BOPE ou da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do IBOPE que são organizações permanentes. Mas é claro que efemérides fascistas trazidas a mim serão rapidamente afastadas, mesmo quando quem as traga tenha demorado décadas para se revelar fascista.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 23/05/2021
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