Marco Maciel - o mais discreto vice-presidente de todos os tempos
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O melhor traço de personalidade já lido por mim foi escrito com poucas palavras pelo jornalista, cronista, contista, romancista e poeta Fausto Wolff, falando-nos o seguinte sobre o político (figura longilínea de grande magreza) Marco Maciel: Se estiver chovendo o Marco Maciel é capaz de se esgueirar entre os pingos de chuva sem se molhar.
Pernambucano, Marco Antônio de Oliveira Maciel ( 21 de julho de 1940 – 12 de junho de 2021) foi deputado, governador de Pernambuco, senador e o 22º vice-presidente da república ( 1995 a 2003) durante os dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Seu mandato como deputado ocorreu em pleno governo Médici, no qual se deu o momento mais duro da ditadura civil-militar, quando a esquerda armada foi derrotada e com ela a proposta da imposição marxista-leninista da imposição de uma ditadura “do proletariado”.
Embora tenha sido expoente figura do ciclo dos governos militares, ocupando cargos do legislativo e do executivo, podendo ser considerado figura de proa também do período da redemocratização, parecia sempre secundar (porém com brilho próprio) todos os cabeças do poder, tendo sido, inclusive, aventado como sucessor do presidente João Batista Figueiredo, por sua capacidade de articulação.
Apoiou o movimento que alçou Fernando Collor à presidência da república, e, logo, depois compôs chapa, como vice-presidente, na eleição de Fernando Henrique Cardoso.
Como vice do airoso, vaidoso e destruidor dos direitos adquiridos FHC, talvez sua discrição tenha sido ainda maior por conta do narcisismo extremado de seu chefe.
É autor de três livros: Ideias liberais e realidade brasileira, Educação e liberalismo, Liberalismo e justiça social. Produção literária suficiente para que fosse eleito membro da Academia Brasileira de Letras, na mesma linha de concessão feita a outros próceres, como o medíocre escritor José Sarney.
Deixo, por fim, a anotação de que Marco Maciel teve a formação universitária em direito, o que nos permite dizer que ele foi (para o bem e para o mal) um expoente advogado do diabo.