O papa me contou

                               (Natalina)

 

          1. Nestes tempos do Advento, me deu na cuca escrever sobre um acontecimento bíblico qualquer. Não deixa de ser uma desmensurada ousadia. Não sou biblista e nem Teólogo. Não sou Teólogo porque não quis: muito cedo deixei o seminário franciscano e me distanciei dos Livros Sagrados; e biblista porque sempre tive muita preguiça de ler a Bíblia Sagrada, mormente o Velho Testamento. 

          2. O evento bíblico sobre o qual pretendo escrever no máximo duas laudas, está em Lucas  2,10-12. Segundo esse evangelista, o anjo disse aos pastores: "Não tenhais medo, pois eis que eu venho anunciar-vos uma boa nova para todo o povo." E completou: "Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador que é o Cristo Senhor, e eis o sinal que vos é dado: achareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa nanjedoura". Imaginem o susto que os pastores tomaram.

          3. Nasceu, portanto, o Salvador do mundo, não diria em completo anonimato porque João Batista se incumbiu de anunciar a Sua vinda. E os profetas também. Mas nasceu na mais absoluta pobreza, sim.  Numa estribaria? Nunca ninguém contestou esta história. E o cenário do nascimento do Menino de Davi todos os anos  recontado quando os católicos armam seus presépios; humildes como é o de minha casa, armado com carinho por Ivone, minha mulher.

          4.   Muitos me perguntam: se você não é um biblista nem teólogo, por que se atreve, a comentar Evangelhos, o de Lucas, por exemplo. Não tinha como responder ao amigo, dando-lhe, discretamente, razão. São comentários modestos e nunca ofensivos. A maior parte dos comentários se resumem em indagações, como a que faço nesta crônica natalina. Creio não está pecando. Sou, apenas, um católico curioso.

          5. Em Belém nasceu Jesus. Dias depois do seu nascimento,  o Nazareno recebeu a visita dos Reis Magos, Belchior, Gaspar e Baltazar. Nunca prestara  atenção que, na visita, São José não esteve presente. Soube dessa história, através do ex-papa e teólogo Bento XVI. No seu livro "A infância de Jesus" registrou a ausência. Transcrevo o que escreveu Joseph Ratzinger:

          "Ao entrar na casa (os magos), viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, adoraram-no (Mt 2,11). Nessa frase, surpreende o fato de faltar São José..." logo em Mateus, o único a  escrever sobre a infância de Jesus. E confessa Bento XVI: "Até agora não encontrei uma explicação plenamente convincente para isso".

          6. Confesso nunca ter percebido a ausência do santo carpinteiro na visita dos Magos. Surpreendi-me, como se surpreendeu, confessadamente, o nosso Ratzinger. De repente, Bento XVI, do seu recolhimento, como ex-papa e brilhante teólogo, nos presenteará com um novo livro sobre o nascimento de Jesus, dizendo o porquê da ausência de José. Por enquanto, como Bento XVI, continuo querendo saber onde o pai adotivo estava quando os Magos visitaram o Deus Menino.      

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 17/12/2021
Reeditado em 20/12/2021
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