Cadê meu brinquedo

                              Ucrânia

 

          1. Com muita tristesa, vejo, nos rostinhos de uns, rolarem as lágrimas provocadas  pelo medo. Nos rostinhos de outros, também com tristesa, vejo o sorriso de quem não sabe o que está acontecendo no terreiro ou no quintal de sua casa.

São as criancinhas da Ucrânia. 

          2. As que sorriem, chorarão, no dia em que procurarem seu brinquedo de estimação e lhes disserem que uma bomba traiçoeira o destruiu, porque o seu país está em guerra. Chorarão muito mais quando souberem que seus brinquedinhos, sem exceção, sumirão, abatidos pelos bombardeios indiscriminados do inimigo.

          3. Para minorar-lhes o sofrimento, a pergunta que circula é a de que as crianças da Ucrânia devem ou não ser informadas da devastação que a Rússia provoca no seu país, por determinação do senhor presidente Vladimir Putim. Contar-lhes a realidade. Dizer-lhes a verdade. Não enganá-las.

          4. Em belíssimo artigo, publicado na "Folha de São Paulo", a jornalista Maria Carolina Cristianini defende a tese de que, das crianças,  nada deve ser escondido. Posiciono-me, claro, ao lado da jornalista. É preciso que elas, desde muito cedo conectadas, saibam, sem arrodeios, do que vem acontecendo no mundo, e, muito mais, do que vem ocorrendo nas terras que lhes pertencem.

          5. Mostram nossos repórteres, escalados para trabalhar no front dessa infame guerra russo-ucrânica, que os ataques pelos russos às cidades da Ucrânia não poupam as criancinhas. Centenas já morreram e outras tantas ainda vão morrer, se o conflito continuar.  Quando não morrem, perdem suas casas, seus brinquedinhos, suas casas, seus amiguinhos, e seus pais, tendo que amargarem a orfandade inesperada. Doe muito ouvir uma criancinha perguntar: "Cadê meu brinquedo?".

          6. Escrevo esta crônica em plena Semana Santa; entre sexta da paixão e sábado de aleluia. Aproveito para incomodar Deus, perguntando-Lhe  por que tantas crianças estão morrendo na Ucrânia sendo arasada. Quando não morrem, terão que enfrentar uma orfandade com futuro incerto.  Isso é legal, Senhor? É justo, Senhor? 

          7. No Evangelho de Marcos (10:14,15) a gente lê o seguinte: "Algumas pessoas traziam-lhe crianças para que tocasse nelas, mas os discípulos as escorraçavam. Ao ver isso, Jesus indignou-se e lhes disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, pois, o Reino de Deus é para os que são como elas".

          Deus, vós que sois miseriordioso e se declara (os Evangelhos não mentem) amigo das crianças, salvai os meninos da Ucrânia. 

 

         

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 16/04/2022
Reeditado em 16/04/2022
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