CAMELÓDROMO ODONTOLÓGICO


No ano de 2014, escrevi um texto com o nome de CIRO JOÃO DENTISTA (que você pode lê-lo na íntegra em meu site  www.cordeiropoeta.com.br) e já nessa época, estava precisando de tratamento odontológico. Simples, porém necessário. Mas quando parava numa clínica, num sobrado pomposo, pairava em mim, a ideia de que ali o preço era absurdo e não entrava para fazer orçamento. Esbarrava em outra, nesses mini shopping e pensava, deve ser BOCA DE PORCO, deve ser clínica de algum dentista recém-formado, que se estabelece nesses lugares baratos, por alguns meses, arrancam o dinheiro e os dentes do cliente, depois somem sem deixar vestígio e quando o cliente vai se queixar no CRO, o número do registro não bate com o nome do "profissional" que te atendeu. E nisso o tempo passou, está passando. Oito anos nesse lenga, lenga, estou precisando de tratamento. E pra começar ontem! Começo com uma peregrinação pelas clínicas odontológicas. Mas, o drama, a preocupação com a diferença, entre trabalho bom e preço bom, continuam como antes. No entorno dos fóruns criminais, das delegacias de polícia, pra onde você olhar, tem sempre um escritório de advocacia. Os chamados advogados de porta de cadeia. No centro de Santo André, tem algo parecido! O que mais tem por lá, é clínica odontológica, com aquelas placas bem elaboradas, convidativas... Estupidamente retóricas. Que eu apelidei de CAMELÓDROMO ODONTOLÓGICO. E lá vou eu visitando uma, por uma. Meus maxilares, já estão com cãibras de tanto ficarem escancarados na cadeira dos dentistas. Meu cérebro não está com cãibras, mas está abarrotado de informações diversas. Cada dentista, diz uma coisa diferente, sugere um tipo de tratamento. Alguns, que parcelados em 60 meses, cabem no meu orçamento. Mas qual escolher, em qual confiar? Visto que os orçamentos feitos em consultórios que aparentam ser uma extensão da residência do dentista, não cabem no meu orçamento. Nem parcelado em 120 meses.
Enquanto não decido, sigo frequentando as festas, participando apenas das bebidas. Sentindo o cheiro do churrasco, mas sem poder degustar nem fiapo de carne.

S. Paulo, 27/04/2022

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