"E AGORA "FESSORA?"

Comigo muita coisa acontece para mostrar que nem sempre estou certa. Vivo pregando amor à natureza, aos bichos, insetos, animais etc...

Ontem um aluninho veio com a novidade - havia visto um "ninho"de aranhas. Ninho? Lá fiquei por uma hora, explicando sobre as aranhas, falando que são inofensivas, tem sua utilidade e muitos outros blá, blá, blá...Eu disse tudo que sabia sobre elas e sosseguei o menino que queria destruir o tal "ninho"que segundo ele estava entre a madeira do forro e o telhado. Disse ter visto por uma vão, mas o teto era alto e achei que ele estava blefando. Olhei e nada vi.

Continuei a aula de forma normal e ao terminá-la ainda fiquei à espreita para ver se iam embora mesmo e deixavam as aranhinhas em paz. Foram, vi-os virar a estradinha, sem sequer olharem para trás, fechei a sala de aula, entreguei a chave ao caseiro e fui embora também.

Hoje pela manhã, lá estavam os meninos na balbúrdia de sempre e o mesmo aluno de ontem estava eufórico, porque o "ninho" de aranhas não estava mais lá no lugar. Perguntei se alguém havia mexido e os "anjinhos" disseram que não. Esqueci o episódio, muita coisa a fazer e eles com a história das "aranhinhas". Mandei-os para dentro da sala e depois de nossa pequena oração da manhã, preparei-me para a chamada diária.

Enquanto falava com eles, abri a gaveta da mesa e pus-me a procurar o livro de chamada, passando a mão por dentro da mesma, sem olhar, sei tudo que guardo lá. Foi quando coloquei os dedos em algo macio e pensando ser o forro de um apagador, fiz menção de pegá-lo. Foi aí que a natureza voltou-se contra mim...num milésimo de segundo, uma aranha, até grandinha, dessas de filme de terror, pulou sobre meu braço. Tudo muito rápido, caiu no chão e lógico que com o susto eu havia gritado e balançado o braço. Tudo isso causou tumulto. os mais corajosos queriam ver e pegar a talzinha que seguia tentando esconder-se entre as carteiras. A algazarra estava formada! Meninas subindo nas carteiras, meninos "valentões" tentando pegar a fugitiva, muitos dando chutes, outras crianças gritando e eu sentindo estranho o local onde ela havia subido. havia um tipo de leve coceira, acho que pelo impacto e surpresa.

Para resumir a história - aula suspensa- a professora alérgica saiu mais cedo para ser medicada, alunos em festa e certos de que tinham que ter matado as "aranhinhas" e nós todos sem saber onde a fujona se escondeu!

Cá entre nós:com que moral e coragem vou chegar na escola amanhã? Como abrirei a gaveta?

Obs// Qualquer acontecimento pode virar festa, mas a aranha não era venenosa, soube disso depois e nem foi picada que ela me deu, apenas senti um comichão e um susto . Explicaram-me lá na fazenda que era época dos aracnídeos buscarem novas tocas, mas na minha pequena classe rural? Daquele dia em diante não deixei de ficar procurando, disfarçadamente, se haveriam outras e sempre esperando que aquela voltasse ao lugar do crime.

27/11/07 *Marilda*