SOBRE UM MUNDO NÃO ABUSIVO
Demétrio Sena - Magé
Temos que aprender, o quanto antes, a chamar e não arrebatar. A entrar só com licença ou permissão. Buscar o consenso e não a satisfação obrigatória de nossa vontade pelo outro. Podemos exercer, inclusive publicamente, os nossos arbítrios, mas onde o bom senso nos abone; onde ninguém interaja querendo ou não... de modo a não violar as escolhas; os arbítrios alheios.
Há como sermos exatamente quem somos, sem atingirmos de forma danosa o que os outros são. O mundo é para todo mundo, porém, todo mundo tem um mundo só seu, para se exercer como pessoa. Entra nele quem quer, quem convidamos, mas o nosso convite não pode ser ultimato. Nem "ou te mato".
Aquele menininho fofo cujos pais mandam beijar "o rostinho" da menininha que não quer ser beijada, já é um estagiário de monstro. A menininha que é convencida a aceitar sem querer, já é uma vítima presente; possivelmente futura, do machismo. Não seremos abusivos, violadores, tiranos ou psicopatas, quando aprendermos a
nos propor mais. A nos impor menos.