Niemeyer e as ruínas de Brasília
Quando pintou o quadro As ruínas de Brasília, Oscar Niemeyer, sem dúvida, jamais imaginou que, por ter pintado um quadro gótico, simbolizante do fim das utopias, fosse incapaz de traduzir os últimos acontecimentos ocorridos em Brasília, quando vândalos terroristas, aviltando a camisa da seleção brasileira de futebol e a bandeira nacional, invadiram a Praça dos Três Poderes e destruíram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, destruindo o património histórico, artístico e arquitetônico. Jamais imaginou que uma população siderada, estimulada pelo ex-presidente da República, financiada por empresários golpistas viesse a realizar o dia nacional da infâmia.
O mais triste é a naturalização da tragédia percebida logo após. Um velho intelectual capixaba, do alto dos seus noventa e dois anos, disse:
- É preciso destruir o que é do povo para o bem do povo!
Os eleitores do perverso, ou melhor do diabo, disseram, entre eles uma bela mulher, que deixemos passar, tudo vai ficar melhor, depois que piorar bastante. Nos anos de chumbo era comum ouvir a acusação que a esquerda acreditava no quanto pior melhor. E tome tortura, e tome sequestros e tome prisões.
Hoje em dia é comum ouvir de um conhecido: Eu sou a favor da tortura. Essa esquerda tem mais é que morrer. Mas numa democracia há sempre esquerda, centro e direita, e, por via democrática, é natural que haja alternância no poder. Podem, mas não deveriam, pois vão pagar por isso, destruir Brasília, mas não podem destruir o resto do mundo. Que haja a mão pesada da justiça. Sem anistia. Já!