FALHAS DA MENTE

 

Estou feliz, vendo o MEIA CINCO, ali no fim do túnel. E, como tudo, tem um lado bom e outro ruim. Mas procuro explorar o lado bom. Chegar lá, é o lado bom. Aguardar o telefonema do ministro da previdência, avisando que o dinheiro da aposentadoria está na conta e não precisar trabalhar mais, é bom (apesar da ansiedade). Enxergar, só por trás dos óculos, é ruim. Não poder triturar aquele torresmo crocante,  (porque não tem dente, ou porque o colesterol está alto), é ruim. As falhas, é o lado ruim. Porque falha isso, falha aquilo... não vou nominar, porque muitos irão entender quais e tirar barato. Mas uma falha que está me incomodando é a falha da mente. Lembro de poucas coisas. Aniversário de pessoas da família, é o Google que me lembra.  Tomar os remédios quem me lembra é a patroa. Como também lembra, que a cachaça, eu não esqueço de tomar. Enfim, é ela que me lembra de quase tudo. Mas, mediante broncas, resmungos... Lembro que quando casei, combinei com ela, que seria todo dia, três. E mantive esse compromisso até pouco tempo, mas agora, chega dia três e eu não lembro. É preciso que ela me lembre. Para vocês terem uma ideia até de ir para o trabalho, tem dias que eu esqueço. Volta e meia pela manhã, recebo um empurrão da patroa, tomo um tombo, que vou ao chão e injuriado pergunto: o que foi que eu fiz para você me derrubar da cama desse jeito? Soltei PUM, por acaso? Foi isso? Não, não foi isso. Não faço isso! Na nossa cama não! E ela zangada me diz, é segunda-feira, vai trabalhar. De ressaca mesmo! Quem mandou encher a cara? Aí como ela me acorda com toda essa delicadeza, com todo esse carinho, eu levanto (do chão) pego a marmita e vou à luta.

 

S. Paulo, 28/09/2023

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