Tia Celina

Que dizer sobre quase cento e oito anos de vida?

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Hoje partiu tia Celina, a mulher de melhor temperamento já visto na face da terra por meus olhos. Quando aos cem anos perguntada sobre qual era seu desejo agora (então)? Disse:

Eu quero me casar de novo.

Nunca deixou de ser a menina alegre da qual falava meu pai.

Um dia perguntei:

- Tia Celina, como devo fazer para chegar tão longe quanto a senhora?

Ela interrompeu o tricô e disse:

- Não fazendo o que não consegue?

Mas não sei dizer quais os limites dela. Sempre disponível para um sorriso. Creio que a importância dada aos outros fazia ser importante para todo mundo.

Hoje o vilarejo de Nossa Senhora de Aparecida, 3º Distrito de Sapucaia, foi inundado por grande saudade.

Nascida na Fazendinha de meu avô Fortunato Gomes, filha de Rita Daflon Gomes, irmã de meu pai Alberto Daflon Gomes, como minha mãe Lia Ignez Santos Daflon Gomes, tia Celina era e continuará sendo amada por todos.

Os populares da vila chamavam-na de tia. MInha mãe, dona Lia, representa-a, é também a tia de todos.

A festa dos seus cem anos foi um evento público.

Nas exéquias de minha avó Rita houve uma comoção na cidade.

Tia Celina nos deixa, de imediato, um sentimento ambivalente. Um sentimento duplo de alegria e saudade.

É difícil chorar uma vida celebrada por quem a viveu.

Comovido quase sinto vergonha de estar com os olhos marejados. Estranhas são as lágrimas às vezes.

Sinto muito, tia Celina, o seu adeus. Sinto tudo o que há de melhor na humanidade na hora da sua partida.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 02/10/2023
Código do texto: T7899383
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