OS MENINOS DE NATAL!

Natalino. Como sugere o nome ele nasceu no Natal, em uma noite de 25 de dezembro de 23 anos passados. Para quem não sabe é filho de mãe solteira que ainda jovem ao céu se foi, a avó já viúva tomou conta dele enquanto não morreu, já são 10 anos que foi tomar conta da filha no céu. Ele ficou as cuidados de um tio sempre embriagado, que há dois anos morreu eletrocutado durante mal uso de um tanquinho de lavar roupa, dele e do sobrinho, que nem por isso deixa de andar limpinho.

Ele segue pelas ruas, hora correndo, hora com ar de faminto, sempre alegre e sorridente pedindo um real para comer alguma coisa. Para quem não sabe Natalino é excepcional, especial melhor dizendo, e desde que na quis mais ser assistido da APAE, gosta de andar na rua sem se preocupar com o dia em que ele e Ele nasceram. Sabe que é festa porque as luzes e o colorido são maiores.

Há horas que sabendo que não é a própria ou incomodará, fica dando voltas na roda de conversa de alguém que dele mais goste, e lhe dê o um real, chamando atenção para ele que bate na barriga e diz, com a língua embaraçada “to com fome, fome!”. Dinheiro Natalino conhece, pode alguém dar-lhe uma nota de dez reais e pedir que ele troque em notas de menores valores e deste tire um real, ele voltará com o troco, ele o fará.

A idade real é uma a idade indicada para Natalino, pelos psicólogos é de um menino de cinco ou seis anos, que nasceu em dia de festa, e em festa permanece, assustando aos que o conhecem, alegrando com seu sorriso aos que sambem que nele há a inocência, pureza e a honestidade que nos faltam na sociedade dos homens sãos.

Certa ocasião como revoltado com algo, Natalino passava a mão no “bumbum” das mulheres, sem maldade ou com pouca, sabemos nós? Não escolhia idade, até as vovós davam um pulo para frente quando surpreendidas com aquela mão pesada por trás. Ele é alto e grande e que assusta! Porém, mesmo naqueles momentos Natalino poupava minha esposa, filhas e afilhada, e nelas não colocava a mão, senão no ombro e perguntava; “Cadê o barrigudo”. Ao Natalino permito me chamar assim!

No dia 23, domingo, eu estava sendo entrevistado por uma emissora de rádio local, eu cristão de outro segmento, sobre a missa na praça em frente ao maior e mais bonito presépio do interior da Bahia, aqui em Guanambi, quando surgiu Natalino dando voltas ao microfone e batendo na barriga. Eram ele e Ele os donos da noite. Os ouvintes não devem ter entendido porque eu usei o plural ao dizer que em minha frente estavam os “Meninos de Natal”,

O sonho que ele tem é trocar o seu carro a cada ano; de plástico, lata ou madeira, colorido e que possa lhe servir de alegria e sonho. E desde ontem, 24 dezembro de 2007, carrego comigo um carrinho de brinquedo embrulhado de presente esperando encontrar o meu amigo, pois só nas ruas ou praças isto é possível acontecer! Hoje vou lá, no presépio na certeza de encontrar o Menino Jesus vivo entre nós!

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Seu Pedro, jornalista, sessenta anos, à quase dois meses longe do Recanto estava em um canto raciocinando com lentidão sobre a vida, cada vez mais rápida e agitada neste Mundo Moderno, relógio de ponteiros velozes que parou para Natalino. Seu Pedro deseja aos intrépidos escritores, poetas e sonhadores deste espaço, que tenham um Feliz Natal e um no de 2008 de renovação e alegria!