MEU POSTAL - II PARTE

MEU POSTAL - II PARTE

Continuando a descrição do meu postal de Portugal, entramos no Ribatejo, terra distinta de todas as outras, com singulares tradições e morfologia. Esta zona predominantemente plana, onde à planície se dá o nome de lezíria, é uma região de designada da festa brava (touradas).

Aqui os touros bravos são criados em liberdade e vigiados por um campino (vaqueiro) que, a cavalo lhes controla os movimentos. Esta região “trocou” o habitual futebol como entretenimento de massas pelas touradas. Raras as vezes, não esgotam as bilheteiras das arenas para este espectáculo tradicional. A criação de cavalos é também um ex-libris desta zona. A gastronomia também obedece a singularidades específicas, tal como a açorda de sável, o ensopado de enguias, cozido de carnes bravas, sopa de pedra entre outros e as doçarias tradicionais com características marcadamente conventual. Os vinhos também são muito bons, especialmente a casta Fernão Pires na produção de um vinho branco distinto. As cidades mais importantes são: Santarém, capital portuguesa do gótico e o seu bonito e panorâmico jardim das Portas do Sol. A cidade de Tomar considerada a capital portuguesa do manuelino, é uma visita imperdível.

Passando à Estremadura, onde se situa a grande e bonita Lisboa, esta região também tem singularidades muito particulares, com monumentos imponentes a merecerem especial atenção, tais como o convento de Mafra, mosteiro da Batalha, mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, entre outros. Localidades como Óbidos ou Sintra, Cascais ou Nazaré obrigam a visita atenta pela singularidade. Os vinhos produzidos têm muita qualidade e destes destacam-se o Bucelas, Colares, Encostas D`Aire. A gastronomia assenta predominantemente no peixe pescado na Nazaré, de excepcional qualidade e preparado de diversas maneiras, destacando-se o escabeche, as caldeiradas e a açorda de marisco. O bacalhau confeccionado à Brás, pataniscas ou guisado e as amêijoas à Bulhão Pato são representativas das tradições da cozinha desta região.

Viajando para sul, entramos na grande região alentejana, também de beleza singular. Aqui, a planície a perder de vista e povoada de oliveiras, sobreiros, searas de trigo ou vinha consoante as características micro climáticas, são a paisagem com que nos confrontamos. Esta região tem das melhores produções de vinho, cujas características organolécticas lhe vêm de solos específicos e temperaturas elevadas, na ordem dos 40 graus durante o tempo de maturação das uvas que lhe conferem açúcares, taninos e teores de álcool acentuados. A gastronomia desta região é também ímpar com especial atenção aos pratos cujo ingrediente comum gira em torno do pão. Assim, as açordas, migas, ensopados e as sopas, acompanhados de carnes ou peixes têm aqui nesta região exclusividade. Os enchidos de porco são dos melhores, cujos animais são criados em liberdade, em áreas abertas, alimentando-se de bolotas que se desprendem dos sobreiros. Aqui ficam as cidades de Évora, património mundial, Portalegre e Beja, além de muitas outras pequenas e lindíssimas localidades. Destas quero destacar a vila do Marvão, construída no alto de um morro e fechada entre muralhas, com uma vista cujo horizonte se perde num além de muitos quilómetros. As povoações de toda esta região também primam pela beleza cuidada a que as mulheres lhe dão especial atenção, sendo estas que pintam as casas todos os anos, conferindo-lhes uma beleza indescritível, com a cor branco como pano de fundo e os contornos de portas e janelas pintados a azul ou amarelo. O povoamento aglomerado realça-lhes toda esta beleza que estas palavras não conseguem descrever por os olhos melhor o fazerem.

Mais um breve e corrido postal de umas quantas regiões de Portugal foram dadas a conhecer aos nossos amigos e semi-compatriotas brasileiros.

Para todos, continuação de Feliz Natal