Minha querida cadeira elétrica II

 

Aluu! Iterluarit kumoorn meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez vem sentar aqui na minha cadeira literária pra ler mais uma eletrizante crônica sobre jogos mortais. Ajuungila?

 

Tuzes nem imaginam o que é ficar sentado em minha confortável cadeira elétrica, aquecido e massageado, ultra vaidoso, egocêntrico e preguiçoso que sou (e mentiroso, não posso nunca esquecer de enumerar todas as minhas qualidades). Melhor do que isso, além de sexo e whisky (estou solo, mas com um copo na mão agora), só dançar em campo minado! Acho que vou pra Ucrânia nas férias, a propósito. Ou então brincar de esconde-esconde em túnel ou bunker, fugindo de foguetes e mísseis. No caso, as férias deveriam ser no Oriente Médio, então, só não sei se em Israel ou em Gaza.

 

Pra viajar sem sair do conforto de minha cadeira elétrica que não é de morte, é só assistir pela TV os jogos mortais da atualidade, sem correr riscos físicos, somente emocionais e psicológicos, eis que se você olhar muito para o precipício, ele olhará de volta pra você, como assim falou Zaratustra. Parem o mundo que eu quero descer, como cantou Raul. Ou melhor, quero ficar sentado na minha cadeira elétrica, olhando apenas o circo dos horrores mainstream, sem me aventurar por espetáculos perigosos e menos midiáticos como Iêmen, Síria, Haiti, Somália, demais países africanos ou até mesmo, vá lá, morros cariocas ai no Brasil e o atirador da semana nos EUA. Mas só tragédias à pólvora, sem miséria, que daí a coisa fica estática demais, sem fortes emoções, só nojo e repulsa sem aventura - embora Exupery tenha dito que a guerra não é aventura, mas sim uma doença.

 

Os horrores podem ser quantificados em números... Mesmo estando na moda atualmente, Israel/Gaza, com seus quase 10 mil mortos, nem se compara a escanteada Ucrânia/Rússia, com suas 500 mil vítimas fatais - embora devamos reconhecer que são apenas três semanas de terror contra quase dois anos de horror. Como disse o comandante Farinazzo, guerra de contra-insurgência não é nada se comparada à guerra de atrito entre países: os números, seja como for, não mentem e endossam seu entendimento. Logo, dá pra escolher o bang-bang, se o do gato caçando o rato ou o do urso devorando os campos de trigo: os atores principais, Zelensky/Putin e Hamas/Netanyahu, todos bandidos, não deixam a petaca cair - nesse caso, só cai tiro, porrada e bomba sobre os inocentes, né Popozuda?

 

Façam como este genial e genioso Bacamarte que escreve pra tuzes, comprem uma confortável cadeira elétrica e aproveitem as deliciosas tragédias da vida visíveis numa tela asséptica e inodora, de onde não há risco de o sangue ou um braço voar pela tela. Nozes sabemos que isso faz parte do mundo, onde todos encontram motivos mais do que justificáveis para apertar os gatilhos e fazerem mães e crianças chorarem e morrerem, sejam cristãs, muçulmanos ou judias, aos olhos famintos do publico no novo Coliseu Romano, virtual. Só, repito, e o Ministério da Loucura adverte: não fite em demasia o abismo...

 

Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!

 

 

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

 

MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores: 
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862

GLOSSÁRIO KALAALLISUT:

Ajuungila - Como estão?

Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - Bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.

Nozes - Todos, o plural de nós. Algo assim...
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.

Tuzes - Plural de tu.

Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 27/10/2023
Reeditado em 10/11/2023
Código do texto: T7917855
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