PRÓTESE 03

 

Depois que comecei meu tratamento odontológico, já escrevi várias crônicas sobre o assunto, CAMELÓDROMO ODONTOLÓGICO, PRÓTESE 01 e 02... E esta aqui, até relutei em escrever e depois, de escrita, em publicar, mas volta e meia me perguntam por que eu optei pagar tão caro por uma prótese protocolo, se a prótese removível é bem mais barata. Tinha vergonha de falar, mas a essa altura dos janeiros, nada mais envergonha. Pois bem, tinha eu 34 anos, fumante, falante... E em vez de 32 dentes, talvez tivesse dezesseis. E no lugar dos faltantes, uma prótese (bem feita). Trabalhava numa revista de arquitetura e conheci uma garota de uma agência de publicidade que nos visitava com frequência. Fizemos amizade e combinamos de ir no RIVIERA, tomar uma caipiroska, uma sopa de cebola... Bom, o que viria a acontecer depois, não vem ao caso. O caso, é que eu, empolgado que estava, cheguei no bar, fundei na caipiroska e na cerveja. Lá pras tantas, quando tudo já se encaminhava para o final desejado (pelo menos por mim), eis que surge um incômodo na minha gengiva, peço licença para ir ao toilette (Lá é chique bem! É assim que fala, é assim que está escrito na porta). Tiro a prótese, lavo, ponho no bolso do paletó, enquanto lavo a boca (para tirar os resíduos da sopa) e o rosto, para dar uma refrescada na pele, porque ardia, pelo álcool e... mais empolgado ainda, saí dali e fui para a mesa, onde me aguardava minha presa, digo minha amiga. Sentei, recomecei o papo e em alguns minutos, ela educadamente pediu licença para ir ao TOILETTE. Esperei algum tempo, uma hora ou mais. Ela não apareceu (nem no bar e nem na empresa). Paguei a conta, fui embora e só no sábado quase ao meio dia, com a cabeça quase explodindo, notei que a prótese ainda estava no bolso do paletó.

Cada uma!

Santo André, 20/01/2024