BETO CARREIRO... A LENDA!

Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer; devia ter arriscado mais, e até errado mais... Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...!

Há anos que eu conhecia um pouco da história do caubói brasileiro criado no interior paulista, que tentou a fama através das artes circenses no interior do Brasil e que foi malsucedido até pouco tempo; a história do homem de começou a ganhar dinheiro com muito esforço, suor e trabalho e um dia criou a sua própria cidade; uma alusão aos grandes parques temáticos estadunidenses, com muita gente e personagens tipicamente brasileiros. Conhecia um pouco da história do homem que ganhou tanto dinheiro e respeito, que construiu um império lá pelas bandas do Sul do país, atraindo milhares de pessoas para conhecer a sua arte.

Certo dia, estava eu esperando um avião em Navegantes, Santa Catarina, quando vejo ao meu lado Dedé Santana, ex-trapalhão. Estávamos, os dois, indo para Salvador e quando me dei conta de que ali do meu lado estava uma celebridade, puxei conversa e falamos sobre a vida, sobre o sucesso e sobre a desgraça que a fama pode causar na vida das pessoas.

Dedé, que já tivera sido meu ídolo na década de 70, me disse que ele mesmo havia conhecido o céu e o inferno num espaço curto de tempo; passou de Trapalhão à esquecidão e menos tempo que alguém pudesse citar em algum livro qualquer e que naquele exato dia, ele era um homem feliz, acertado e com os pés firmes no chão por causa de uma outra pessoa; certo amigo generoso que acreditou em se trabalho; dera-lhe as mãos, os braços, enfim, devolvera-lhe a razão de viver; viver de seu trabalho; esta pessoa era Beto Carreiro.

De todas as histórias que eu já ouvi do caubói Beto Carreiro que foi uma espécie de Roy Rogers sul-americano, lembro dele mesmo falando ao Jô Soares que já tivera muitas situações inusitadas em sua vida, uma delas foi ter de pular do 2º andar de um hotel por não ter dinheiro para pagá-lo; tivera que fugir por não possuir no início de sua carreira alguns trocados, mas que voltara ao lugar, anos depois, para quitar seu débito financeiro, enaltecendo que errar pode ser presumível, mas redimir-se e consertar o erro, isso é honroso.

Agora já não temos mais Beto Carreiro, que morreu aos 70 anos, deixando pra trás um legado e uma família de mais de 2 mil membros órfãos de sua generosidade e de suas muitas oportunidades. Em seu funeral, palhaços acostumados a provocar risos choravam e em seu epitáfio haverá escrito, talvez sem a percepção ocular, “aqui repousa alguém que incrivelmente deu vida a milhares de outras vidas; esperança a uma terra esquecida e não conseguiu sobreviver; mas que será lembrado por sua obra e em pouco tempo, esquecido pela ignorância de quem um dia disse ser seu amigo”.

Descansa em paz Beto Carreiro!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

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