A SOFISTICAÇÃO DOS PERFUMES

Quando eu contava ainda 15 anos, já trabalhava de carteira assinada e ganhava razoavelmente bem, para um adolescente nordestino; certa vez, entrei numa loja de magazine e dei de cara com um frasco de perfume negro fosco e um olor inesquecível; era Drakar Noir de Guy Laroche; custava naquela época um salário mínimo a versão de 50 ml; não pensei duas vezes e comprei-o dividindo em seis vezes e jamais deixei de usar um bom perfume importado.

Antes mesmo de explicar os fatos históricos, eu tenho a obrigação de explicar fatores como a composição generalizada, que é em tese, a mesma desde a criação do primeiro modelo. O perfume é um produto aromático feito basicamente da mistura de substâncias vegetais (na maioria), álcool e um extrato fixador. Eu desconheço uma fragrância sintética!

O perfume pode ser composto na forma líquida, onde estão os óleos e os líquidos finos; sólida, na forma de talcos e gasoso, na forma de gases aromáticos. Todos são utilizados para proporcionar um aroma agradável e duradouro, tanto a objetos quanto ao corpo humano. Os óleos perfumados em especial, somente são produzidos através de extração química das plantas, flores, ervas e algumas secreções animais. Os principais tipos de perfumes são os florais, orientais, doces e frutais, que também são conhecidos por cítricos.

Na parte histórica, muitas são as histórias que envolvem este mundo prazeroso das essências e aromas; alguns acreditam que uma ordem divina determinou que Moisés produzisse incensos muito aromáticos para que fossem utilizados em rituais da Fé e que depois disso, houve uma evolução até os perfumes atuais.

Certo mesmo é que os árabes por volta do Século XXII já produziam perfumes para uso medicinal e pessoal, durante o advento das Cruzadas. Em 1370, há o primeiro registro da aristocracia húngara, por meio da Rainha Elizabeth, que mandou produzir o primeiro perfume a base de álcool.

Por volta de 1600, os europeus, mais precisamente os franceses, começaram a produzir essências aromáticas com fixadores para serem vendidos a peso de ouro. Somente reis, rainhas e membros da nobreza podiam pagar por tais perfumes. Eles eram usados para disfarçar os odores horríveis que aquelas pessoas traziam consigo por falta de banho. Dizem que alguns nobres europeus, a exemplo de D. João VI, chegavam a ficar 90 dias sem tomar banho. Começava ali uma variedade de fragrâncias e um comércio em larga escala daqueles produtos perfumados.

Somente depois de 1870 é que começaram a evoluir o número de fábricas de perfumes e a classe média começou a usar as fragrâncias, mesmo assim, os custos muito altos das composições, obrigaram que fábricas menores e menos abastadas, produzissem perfumes de qualidade inferior para gerar mais consumidores. Lavandas, águas-de-cheiro e óleos baratos chegavam a casas menos nobres e ganhavam cada vez mais adeptos usuários, fazendo dos perfumes caros, cada vez mais mitológicos e desejáveis, o que, aliás, continua até hoje.

Os perfumistas modernos, que já foram chamados de boticários, estão exigentes em demasia; produzem não só essências cada vez mais exóticas e sofisticadas, como também investem fortunas em detalhes dos frascos e embalagens. Não existe atualmente um perfume famoso que não possua uma estrutura megalômana por trás, envolvendo desde a engenharia química, até designers dos mais bem pagos do planeta e mídia abundante para divulgação; esta combinação milionária ajuda a colocar os perfumes como mais desejado até do que jóias.

As grandes marcas da perfumaria moderna; a perfumaria de prestígio; estão associadas às grifes da moda. A passarela da alta costura deixou de produzirem apenas vestidos e chapéus para os ricos, famosos e excêntricos; eles tiveram a necessidade de deterem os outros valores de composição, como os acessórios e a perfumaria. Hoje, um homem ou mulher que precise estar elegante, deverá estar dentro de uma indumentária chique, possuir relógio e óculos idem e usarem um perfume agradável; tudo isso pode ser encontrado numa única grife internacional.

A França iniciou um movimento de modernidade no campo da moda, ainda no início do Século XX e Paris se tornou a capital mundial da moda por sua elegância antiga e seus investimentos cada vez mais pesados no modelo preciso do setor; por isso é que até hoje, embora muitos outros países invistam e difundam seus produtos tão bons quanto os franceses, Paris é e permanecerá sendo a capital mundial do bom perfume. Os perfumes franceses viraram ícones de comparação e pedido; quando falamos em perfumes importados, rapidamente associamos aos perfumes franceses.

Itália, Espanha e Estados Unidos lançaram muitas marcas tradicionais e de muito bom gosto, mas até hoje não chegaram aos pés daquilo que chamamos de perfumaria prestígio. De cada 10 perfumes famosos, não é exagerado dizer que 8 são franceses ou estão sediados na França e até hoje, a mais famosa grife da perfumaria de primeira linha é a Chanel, da famosa estilista Coco Chanel; Chanel produz atualmente pelo menos 11 perfumes dos mais desejados por homens e mulheres exigentes de todo o mundo, inclusive, deixando registrado que são os mais caros da atualidade

Uma frase antiga é proferida por todos para atribuir uma especialidade as pessoas de menor estatura: “as melhores fragrâncias estão nos menores frascos”. Isso porque até pouco tempo atrás, os bons perfumes eram caríssimos e vinham em edições com recipientes de até 30 ml, dotados de alto teor de fixação e aromas extremamente marcante. Hoje a situação é diferente e os novos frascos começam em geral com 30 ml, podendo chegar a 200 ml para algumas edições extraordinárias. Os frascos de 100 ml são os mais procurados porque combinam custo X benefício.

Embora sejam tão procurados, tão desejados, tão cobiçados e tão famosos, os perfumes importados de primeira linha do mundo inteiro estão concentrados nas mãos de duas ou três empresas de grande porte; todo o restante são importadores destes grandes comerciantes; distribuidores fantasmas e revendedores destes distribuidores. As lojas tradicionais se vêem apertada com tantos critérios e imposições dos grandes e por isso, é cada vez mais raro vermos novas lojas com uma estrutura razoável.

O mundo da perfumaria é complexo, caro e inacessível. Existem mistérios e outros componentes que amedrontam os novos aspirantes a comerciantes e a própria legislação brasileira, no que tange a área fiscal e aduaneira, é confusa e tendenciosa, ajudando e facilitando a vida apenas de poucos importadores. Do ponto de vista sanitário, a ANVISA, que é responsável pela análise de componentes deste tema, chega há demorar três anos para liberar um parecer; por isso, a cada ano, cresce o número de importadores informais, na verdade, ilegais, que comercializam perfumes importados; e foi esta ilegalidade que deixou o preço destas fragrâncias exóticas mais baratas e acessíveis, causando um efeito de procura muito avassalador.

Apenas para se ter uma idéia, quatro empresas, apenas quatro; em todo Brasil, são importadores das maiores marcas e uma delas, detém o controle de cerca de 50% das marcas mais tradicionais. Por conta disso, ninguém que tenha menos que R$ 500 mil conseguem abrir uma loja de respeito, com o poder de oferecer à seus clientes um mix atraente da linha perfumista internacional e mesmo que possua estes meio milhão, eles terão que brigar muito com as lojas virtuais para conseguirem bons preços.

No campo virtual, as lojas no Brasil começaram a surgir depois que um dos maiores importadores do mundo focou suas atividades no Rio de Janeiro e hoje já abocanha mais de 50% do mercado perfumista da internet. As lojas virtuais oferecem os mesmos produtos, ou seja, de qualidade incontestável por um preço que às vezes chega a 50% dos praticados em lojas de shopping. A única desvantagem deste novo pool de empresas é que elas não conseguem apresentar de forma presencial as fragrâncias desconhecidas. Quem compra um produto pela internet, ou o conhece bem ou comprará na cega.

Nas décadas de 80 e 90, por causa do dólar muito valorizado frente às moedas brasileiras, os perfumes importados foram muito falsificados e esta prática sempre foi atribuída aos paraguaios; hoje a coisa é muito diferente e muito embora haja milhares de exemplares falsificados no mercado interno, as pessoas sabem claramente que estão comprando produtos de origem duvidosa; 01-quando compram em sites como o Mercado Livre, conhecidamente maior vendedor de falsidades da América Latina; 02 – quando são atraídos apenas pelo preço muito baixo e 03 – quando compram de qualquer pessoa ou na primeira loja que vêem. No mercado perfumista não há milagres...

Eu e mais três sócios (hoje), cansados de comprar perfumes caríssimos, resolvemos entrar neste marcado e estamos lançando uma loja virtual diferente; uma loja virtual que terá no rodapé o endereço do escritório, para os casos tradicionais de trocas, devoluções, notificações etc.; as empresas virtuais do Brasil não atinaram que mesmo sendo elas de internet, precisam de um endereço físico para abrigar no mínimo um escritório; e isso é um fator preponderante na hora da escolha por parte dos clientes.

Em breve, estaremos lançando o Portal www.zeros.com.br que venderá perfumaria e outros artigos; e para começarmos a apresentar o nosso empreendimento, resolvi escrever sobre perfumes e lança-lo aqui nas minhas crônicas; espero que meus leitores e amigos, consigam em breve encontrar no www.zeros.com.br um modelo de site seguro e variado, tirando um pouco este medo que existe na hora de escolher entre a compra em shopping e a virtual. Nossa proposta é vender mais barato e dividir algumas destas vendas em várias parcelas, primeiro por que não termos os custos de uma loja física e depois, por que teremos parceiros financeiros como Bradesco, Banco do Brasil e Banco Santander, para reunir o que há de mais seguro com a facilidade das bandeiras de cartões de crédito tradicionais (Visa, Mastercard, Amex e Diners).

Nossos perfumes e outros cosméticos terão origem comprovada, nota fiscal e garantia como os de muitas empresas sérias brasileiras; o que apenas estamos driblando são as imposições das gigantes e um selo nada sério de qualidade que uma associação criou para taxar apenas seus produtos como originais; um selo holográfico que serve para dizer que aquele produto veio de uma associação de importadores e que os demais, mesmo sendo originados do mesmo fabricante, não têm o mesmo valor, ou seja, a ignorância de sempre, que serve apenas para confundir a cabeça do consumidor e induzi-lo a pagar mais caro. Coisas do Brasil!

Eu espero que a www.zeros.com.br consiga deixar cada vez mais o brasileiro perfumado e crente de que ainda existe uma chance para transformarmos a internet num grande instrumento facilitador e de credibilidade. Nossa missão é de popularizar as boas fragrâncias do mundo das grifes famosas, e vamos conseguir...

Até o futuro e boas compras...!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br