A Mais Bela Das Danças (Para a minha terra natal, Oeiras)
A mais bela das danças
Retirar nossos calejados joelhos da lápide fria do passado, não é romper com nossa história. E sim, justificá-la. Deixar claro que aprendemos as lições daqueles que sob esta lápide jazem.
É ter coragem de sonhar o novo, como a única forma de reconhecimento aos seus feitos.
Não. Não condenaremos os olhares invasivos e vasculhadores. Olhares conservadores, que escondidos nas seculares esquinas e por trás das frestas de centenárias janelas, só inibiu, condenou e podou tudo aquilo que destoou de julgamentos equivocados, ferindo de morte e desalentando sonhos e vocações. É bem verdade que muitos desses olhares são providos de frustrações. Outros são astutos que buscam tão somente oprimir. Apenas os convidaremos para uma nova dança onde a história, a cultura, homens e mulheres desta terra dançarão em harmonia a mais bela das cirandas. E nos doaremos cada vez mais, e tão real e verdadeiro será este amor, que veremos cair nos escombros do esquecimento o amor daqueles que só fingem amar. Amor interesseiro, unilateral e oportunista,
Desprendidos ofereceremos-nos novas experiências. Resgataremos todos os homens e todas as mulheres da letargia do “amém”.
Compreendermos por exemplo, que todas as vezes que ocupamos o mais cálido dos teatros, o nosso estádio, torcendo, alimentando o sonho das crianças e de nossa juventude, tenham certeza, estamos também de certa forma justificando e reconhecendo o sacrifício da paixão de “Seu” Raimundo Lopes, Doca Libério e a mais extremada de todas: O quedar silente de Gerson Campos, mãos sobre um coração que calava, olhar apagando em direção ao gol. Uma bola que quase parando, parecia mover-se com a força de um derradeiro suspiro.
Compreender que a recente e brilhante idéia do “Festival de Cultura” justifica ideais adormecidos. Chama para fora da toca da indiferença os poetas, escritores, cantores, atores, pintores e outros artistas deste chão. Mas, nunca esquecer: Há tanto ainda para resgatar. Tanto para chegar.
E há de chegar novas e belas praças. As espalharemos por todos os recantos: Jureminha, Vila Santa Teresa, Vila Cajueiro, Juraní, Rodagem de Picos, Rodagem de Floriano, Várzea, Rosário, dando sentido real ao “agora crescestes do Morro do Leme ao Morro da Cruz”. E em todas essas praças uma nova mão semeará rosas, margaridas, palmeiras, em justiça e reconhecimento ao sonho do belo que embalou e embala o muito nosso Zé de Helena.
A arte daquelas amáveis senhoras ganha agora ares de eterno, na feliz iniciativa de repassá-la para os mais jovens. Oportuno reconhecimento. Feliz gratidão.
Faremos nossas as palavras “Titânicas”, “a gente quer comida, diversão e arte” todas as vezes que resquícios daqueles olhares se manifestarem quando o rufar dos tambores e o soar dos clarins anunciarem certo forró folia. Um movimento que nasceu com cara de menino mirrado com poucas chances de ultrapassar o primeiro ano de vida. Mas, felizmente (para taxistas, hotéis, vendedores, fotógrafos, pousadas e outros), este caminha já para outras edições. Mas nunca esquecer: Há tanto ainda para resgatar! Tanto para chegar!
E nos chegam desafiadoras belas publicações. Reiterando que a vocação desta terra é a cultura. Mas atenção: é preciso focalizar o interesse comum. Blindar-se contra o que é tendencioso e parcial.
E tudo há de chegar para esta terra, agora que começamos a entender que retirar nossos calejados joelhos da lápide fria do passado, não é romper com a história, e sim, justificá-la. Deixar claro que aprendemos as lições daqueles que sob esta lápide jazem.