Mãe Maria...

É certo que a vida surpreende cada vez que a observamos mais a fundo, mas independentemente dos problemas e encalços que todo mundo, acredite não há exceção para isso, passa uma vez e durante a vida, ainda há quem tenha uma lição a nos ensinar.

Eu era incrédula nessa questão até encontrar uma senhora que se chamava Maria, mas que a maioria das pessoas simplesmente alcunhou-na de Mãe Maria.

Um dia foi ao hospital para apoiar um amigo que estava com a mãe internada na UTI, mas nesse dia essa mãe falecera e para ajudar esse meu amigo, levou-o para tomar um ar no jardim do hospital. Para chegarmos ao jardim, passamos pela ala infantil do hospital, mas uma coisa nos chamou a atenção. Uma senhora de meia idade estava brincando com um grupo de crianças carecas, elas sorriam e simplesmente brincavam como se não estivem num hospital. Eu e meu amigo ficamos intrigados, mas não foi difícil deduzir que aqueles pequenos anjinhos tinham câncer. Entramos na ala e ficamos observando aquela senhora, que percebeu nossa presença e foi conversar conosco.

- Elas parecem tão felizes, não é mesmo!? Sim, minhas crianças são muito felizes com a pequena chance que eles têm de viver.

- Desculpe nossa indiscrição, mas como a senhora consegue brincar e fazê-los sorrir mesmo sabendo que eles podem estar vivos hoje e morrer amanhã já que nos sabemos que a Leucemia tem um tratamento um pouco difícil?- perguntou meu amigo que perguntava o que eu queria saber.

- Elas mesmas dizem que Deus deu isso a elas porque Ele acreditava que elas são fortes o suficiente para passar por isso, mas eu faço isso porque perdi um filho para a Leucemia e eu acredito que e posso fazer por elas o que eu pude fazer para o meu filho. Isso é a maneira de eu poder transformar a minha dor em algo bom e ajudar as famílias dessas crianças num momento desses... – suspirou e continuou - tão difícil. Passei por isso e sei o quanto um ombro amigo pode ajudar nessa hora. Eu sei que elas correm o risco de não estarem aqui amanhã para rirem comigo, mas eu também sei que se isso acontecer elas estarão com Deus.

- Eu perdi minha mãe agora a pouco... e estou sentindo muita dor por isso, mas acho que essa dor é pequena comparada a dessas famílias, dessas crianças e, principalmente, da Senhora. A Senhora quando falou em estar com Deus me deu um conforto muito grande. Obrigada. – disse meu amigo.

- Eu estou aqui apenas para apoiá-lo, mas eu a admiro muito. Fiquei até com vergonha de reclamar da vida como varias vezes já fiz. Obrigado. - eu disse às lagrimas.

- Que nada... O que eu faço por essas crianças é muito pouco para o que elas precisam, mas eu tento o melhor. O engraçado que elas me ajudaram a superar a dor da perda do meu filho, pois cada sorriso que elas dão parece que o Sol nasce novamente para mim. Elas são as maiores mestras aqui. E a propósito, sinto muito pela sua mãe e eu tenho certeza de que ela está ao lado do Moço lá de cima olhando anjinhos como o meu filho brincarem. E não me chamem de senhora, mas de Maria ou Mãe Maria como todos do hospital me chamam.

- Temos que ir, mas vamos voltar... Mãe Maria, obrigado por tudo!- Meu amigo disse.

- Vão com Deus. - despediu-se ela e voltou para as suas crianças.

Tudo ocorreu bem nesse dia tão difícil para meu amigo, mas nós sempre voltamos para aquela ala infantil uma vez por semana para diverti-los com historias e vestidos de palhaço. Uma forma de transformar a vida desses pequenos guerreiros em algo melhor. Mãe Maria continua lá cuidando das suas crianças, mas o mais importante é a grande lição que recebemos dela.

Ps: Essa crônica é uma pequena homenagem a todas as pessoas que fazem um trabalho lindo como Mãe Maria, pois trazer conforto e alegria para as pessoas é um dom apenas de quem tem um coração enorme. Também é uma forma de dizer o quanto toda mãe tem um pouco de Maria, tem força e gana para transformar o limão em limonada. Deus esteja como todas essas Mães Marias que estão espalhadas por ai...