Uma “louca” consciente!

Viver a vida nos causa surpresas, boas e más, no entanto salientam-se as más, ou nós fazemos por onde isto acontecer! Se um dia com uma pessoa, ao acaso, acontecer dela “pirar” o fato nunca será esquecido, até mesmo pelos medicamentos prescritos pelo psiquiatra. Sendo atendido em clinica particular ai é que não se esquece mesmo, o valor da consulta é coisa de louco! Mas o gostoso de tudo é o bate-papo depois, falar-se como aconteceu? Mas um detalhe, sem inteiração entre as pessoas uma grade parte das surpresas ficam ocultas, não as desfrutamos!

Lá venho eu de volta do hospital, onde fui fazer a revisão de três anos de uma operação do coração, lembrando do dia em que fiquei um pouco robô, com a colocação de uma válvula mitral metálica! Nas poltronas atrás da minha, e onde eu deveria viajar 860 quilômetros, seguiam pelo mesmo destino, com menos quilômetros a rodar, duas jovens que conversavam sobre hospital, falavam sobre “acordar amarradinha”, lembrei quando acordei na UTI e vi o relógio na parede, no céu acho que seria uma inutilidade, visto que o tempo é eterno! Fui logo me metendo na conversa, tendo uma principal razão; gosto de bate-papo com gente jovem, me desculpem os idosos iguais a mim, mas é monótono ouvir conversa sobre dores, contas a pagar, governo Lula, e outras coisas desagradáveis!

E sorrindo uma delas me falou: “Quando acordei sentia uma coceira no nariz e ali amarrada na cama, foi que descobri que estava em um hospital psiquiátrico”, ela teve um mal súbito, digamos “enlouqueceu” por alguns segundos! Levaram a amiga “louca” 500 quilômetros, do interior a capital, amarradinha na maca. Assim a ambulância só virou a esquina, não correu o risco de virar com o teto para o solo! Embora, pela mania de psicólogo que eu tenho e pela minha observação afirme que a jovem é muito mais lúcida, do que um senhor rabugento que vinha no mesmo veículo reclamando do mau cheiro do banheiro do ônibus (que nem era tanto), e não comentava suas bufas fedorentas!

Assim achei linda além de bonita, aquela sincera jovem! Não se escondeu no “Deus me livre se alguém fica sabendo!”. Contou com natural verdade o que lhe aconteceu, não escondeu a experiência pela qual passou, e riu de ter sido “louca” por alguns dias, vestindo o uniforme da psiquiatria. Da dor a jovem retirou o sorriso! Aproveitei e contei para ela e sua companheira de viagem os alegres dias em que fiquei internado, no pré-operatório e no pós de um hospital do SUS, e em que eu me divertia alegrando o ambiente. A viagem das jovens acabou, chegaram ao destino mais cedo do que eu. Mas das horas em que durou o bate-papo sobre as rodas de um coletivo uma coisa boa ganhei, a certeza de que o Mundo esta em uma estrada para melhor, com as pessoas aceitando com mais maturidade e consciência que lhes acontece no nosso dia-a-dia!

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Seu Pedro comunica aos seus amigo leitores que agora as postagens de textos voltam normais, enfim ele voltou após uma dúzia de dias ausente do Recanto da Letras, para repouso tratamento e avaliação médica, longe 860 quilometros de casa, com saudades dos filhos e da esposa amada, para as quais só telefonava de manhã e tarde e a noite de cada dia... Felizmente o corpo voltou com a alma por dentro! eAgradece aos amigos, dos quais também teve saudades.