“AMIGOS”.

 

Quando jovem anseia-se ter um milhão de amigos, a pouca experiência de vida, faz esquecer a seletividade; na verdade são meros colegas, os que se chamam de amigos, mas a ansiedade faz com que esses jovens abram a sua intimidade, despojando-se até dos seus mais íntimos pensamentos, só para agradar a quem são chamados “amigos”.

Um jovem chega do interior, com os seus tradicionais costumes, com o gosto por músicas regionais... Porém percebe que, os seus novos amigos, curtem diferenciados estilos musicais; como se não bastasse, vestem-se diferente, falam diferente.

O jovem interiorano sente-se envergonhado, com o seu estilo musical, seu dialeto e tudo mais.

Pobre jovem inocente! Não percebe que, não leva a nada mudar o que lhe fez feliz até alí... Não percebe que, seguindo os caminhos alheios, ele será meramente uma cópia; ainda que ele os imite, continuará sendo sempre o mesmo interiorano de outrora.

O jovem está enfeitiçado pelos novos costumes, pela “gíria”, por coisas que nem lhe deixa feliz, muito menos à vontade.

Aquele jovem sente saudade das suas modas de viola, das suas cantigas de roda, do tempo em que, ele respeitava as moças da sua cidade.

Para seguir os novos costumes, ele deixou de dar boa-noite as pessoas da casa, quando se recolhia ao seu quarto para dormir, de dar um beijo na sua irmãzinha e cantar para ela dormir, ele deixou de ajudar à senhora anciã a atravessar a rua... Deixou de fazer sua oração na hora das refeições.

O tempo passa o jovem agora se desilude... Sente saudade dos antigos amigos da sua pacata cidade, nada daquilo o fascina mais. Um belo dia ele desembarca na sua hospitaleira cidade; ao chegar à casa dos seus pais leva o primeiro puxão de orelhas por não tomar a benção... Os seus antigos amigos o hostilizam por considerá-lo muito diferente, temem a sua conduta, pelas gírias que agora ele fala.

Novamente aquele jovem esmera-se, para reconquistar os seus amigos de infância.

Amigos verdadeiros são aqueles, que nos aceita como somos; que não impõe condições para compartilhar a companhia conosco, e que, sobretudo estende-nos a mão, para amparar-nos quando preciso; os que impõem condições para que sejamos seus amigos, não são amigos... Apenas um mero conhecido. Eu penso assim.